Morte de Jacob Gorender representa grande perda para o Brasil
Jacob Gorender, um dos grandes intelectuais militantes da esquerda brasileira, morreu nesta terça-feira (11/06), aos 90 anos. O enterro acontece amanhã (12/06), às 10h, em São Paulo. Gorender foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) por quase 30 anos e fundou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) junto com Mário Alves, Apolônio de Carvalho e outros comunistas.
Publicado 11/06/2013 20:47 | Editado 04/03/2020 16:16
Para o presidente Estadual do PCdoB-BA e deputado federal, Daniel Almeida, a morte de Gorender é uma grande perda para o Brasil e o mundo. “Ele foi um militante que, além da parte política do cotidiano deixou uma grande contribuição na elaboração teórica sobre o socialismo. Ele realizou amplo trabalho de pesquisa sobre as experiências sociais do nosso povo e do Brasil, o que marcou sua presença no movimento comunista nacional e internacional.”
Jacob Gorender nasceu em um bairro pobre de Salvador, em 20 de janeiro de 1923, filho de imigrantes judeus russos. Em 1941, entrou para a Faculdade de Direito de Salvador, época em que se aproxima do PCB. Como todos os jovens estudantes comunistas, defendia a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Em 1943, ele se voluntariou para a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e embarcou para a Segunda Guerra Mundial. Retornou da Europa em 1945, quando retomou a militância comunista. De volta à Bahia, Gorender retomou o curso de direito, mas deixou rapidamente para militar profissionalmente no PCB. Chegou a ser membro do Comitê Central do partido que rachou em 1967, quando ele e outros saíram para fundar o PCBR.
Como jornalista, escreveu e dirigiu as principais publicações comunistas: Classe Operária, Imprensa Popular e Voz Operária. Foi preso e torturado depois do golpe de 1964. Com quase 40 anos de participação e influência no movimento comunista e uma dezena de livros publicados, Jacob foi intelectual reconhecido e historiador polêmico, que atuou como professor no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
Sua obra mais conhecida é Combate nas Trevas, considerada referência sobre a luta armada durante a ditadura. "Objetivamente, a esquerda não tinha condições sequer mínimas para o enfrentamento pelas armas com a ditadura militar. O que conseguiu fazer, em termos concretos, foi protestar com atos de violência, em resposta à violência terrorista institucionalizada pelos generais", escreveu, no posfácio do livro.
De Salvador,
Ana Emília Ribeiro