Nádia: “Esse é um governo democrático e aberto ao diálogo"

Entre despachos de todos os tipos, de liberação de remédio à diálogo com entidades e dirigentes políticos, a prefeita em exercício da maior cidade do país, Nádia Campeão recebeu a equipe do Vermelho/SP para uma entrevista. Nádia está com essa atribuição desde sábado a tarde, quando o prefeito Fernando Haddad embarcou para Paris para apresentar a candidatura da cidade para sediar a Expo 2020.

Logo no começo da entrevista, Nádia recebeu uma ligação de Paris. Era Haddad querendo saber como estava São Paulo e ao mesmo tempo informou a prefeita sobre o andamento das conversas de Paris. O tom das respostas transluziu que no Edifício Matarazzo há uma dupla de dirigentes coesos que atuam com sintonia para fazer um mandato à altura dos desafios da cidade.

Foi assim que ambos, Haddad e Nádia, decidiram que era importante a vice-prefeita ficar no município para acompanhar as manifestações do Movimento Passe Livre, que está ocorrendo na cidade desde a semana passada.

“O prefeito pediu para que eu ficasse aqui em São Paulo em função das manifestações a serem realizadas pelo Movimento Passe-Livre, que já tinha tido na semana passada duas manifestações que trouxera uma série de situações difíceis para a cidade, como congestionamento muito grande, atos de vandalismo, então, em função desses acontecimentos todos nós achamos que era importante que eu ficasse na cidade”, justificou Nádia.

A prefeita lembrou que o governo tem dialogado com os movimentos sociais e que  está aberto para conversar “com todos os movimentos sociais em função de bandeiras que os movimentos considerem importantes”.

Diálogo com os movimentos

Nádia Campeão reafirmou que o esse é um “governo democrático, aberto ao diálogo que respeita as manifestações do movimento social”. E ressaltou que o governo tem recebido diversos movimentos, como o de moradia, que o próprio prefeito conversou com os manifestantes direto do carro de som.

“Nós temos dialogado com os professores, na área da educação que recentemente fizeram muitas manifestações e teve bastante encontros e diálogo; nós fizemos isso também com os ambulantes da cidade, por causa do episódio da feira da madrugada; fizemos isso com os movimentos de moradia que já realizaram várias manifestações. Esse é um governo absolutamente aberto ao diálogo; o prefeito nunca se negou a receber nenhum movimento social e sempre foi assim com o movimento dos estudantes, nós já recebemos as entidades estudantis várias vezes aqui na Prefeitura”.

 “É claro que nós temos disposição para conversar sobre o problema das passagens de ônibus, do custo do transporte coletivo, dos desafios que a gente tem para melhorar a qualidade do transporte coletivo e mesmo em uma perspectiva de redução e contenção do preço do transporte público”, comunicou a prefeita.

Sobre o tom e ações dos manifestantes, a dirigente julga que a incitação à violência distancia a possibilidade de uma relação saudável entre o movimento social, que tem o direito e dever de pressionar e ter independência do governo.

“As duas manifestações acabaram tendo um comportamento que foge um pouco do padrão das manifestações que o movimento social tem feito, e isso dificulta bastante o diálogo, porque atitudes maiores de violência, como o próprio Haddad disse, elas não aproximam, elas afastam, mas mesmo assim da parte do governo nunca teve restrição à conversa”, garantiu a dirigente.

A criação do Conselho de Desenvolvimento da Cidade, em que aglutina mais de cem entidades, movimentos e ativistas também é um espaço de diálogo sobre os problemas da cidade e ajuda na busca conjunta de soluções.

Desafios dos primeiros meses

Após os cinco primeiros meses de gestão, o saldo da gestão até aqui é positivo. Isso é o que fala as pesquisas, como a última pesquisa do Instituto DataFolha, que descortinou que o governo Haddad é o melhor avaliado, nesse período de início de gestão, desde o governo Jânio Quadros.

Para Nádia, a razão do saldo positivo é a implantação das bases para colocar em prática o programa de governo. “Nós já iniciamos uma série de aspectos do nosso programa de governo que são importantes para garantir que ao longo dos quatros anos a gente possa garantir compromissos importantes que foram reafirmados na apresentação do plano de metas”.

“O nosso objetivo de construir 55 mil novas moradias, por exemplo, é um desafio muito ousado, ninguém fez esse número de moradia em quatro anos, então é preciso localizar os terrenos, encontrar os recursos. Nós encontramos isso na parceria com o governo federal e estadual, somando todos os programas de moradia de interesse social. Temos quatro anos para executar o programa”.

Todas essas ações são desenvolvidas junto com o trabalho de zeladoria e administração do cotidiano da cidade, que exige muito trabalho para atender as necessidades. “A população está reconhecendo o empenho, esforço e a dedicação do governo no sentido de cumprir os compromissos de campanha em meio ao desafio que é governar São Paulo”.

Copa do Mundo

Entre as iniciativas para colocar em prática o programa eleito, constam as ações para receber a abertura da Copa do Mundo de 2014. A tarefa de coordenar as ações nesse tema também é atribuição de Nádia Campeão.

Há um ano da abertura do evento, o estádio Arena Corinthians está com 80% das suas obras concluídas e, segundo Nádia, a expectativa é que a dezembro fique pronto em sua totalidade.

“ É claro que um ano é um tempo injusto, porque é contagem regressiva, mas em São Paulo nós estamos confiantes de que está planejado o ritmo necessário para chegar em junho do ano que vem já com o estádio absolutamente preparado para receber a abertura da Copa”, animou-se Nádia.

A prefeita faz questão de situar que o estádio é apenas uma obra pertencente no projeto de Pólo Institucional da Zona Leste, em que estão previstos outros equipamento públicos. “No entorno do perímetro nós já temos uma Fatec, vai ter uma escola do Senai, uma escola do Sesi, um Centro Cultural, um Fórum, novo destacamento da polícia militar e do corpo de bombeiros, um centro tecnológico e uma universidade pública federal”.

Com o Pólo Institucional, que inclui o estádio, as obras viárias são necessárias para a região. Além disso, o estádio construído não será utilizado apenas para a Copa. “O Corinthians ficou cem anos sem ter um estádio desse porte e nos próximos cem anos o Corinthians vai usar muito”, lembrou Nádia.

Gestão compartilhada

Outro elemento importante dessa gestão é a colaboração entre os três níveis de governo em questões estruturais do município como habitação, transporte, educação e segurança pública.

“Assim que o povo define quem são os governantes, cabe o trabalho conjunto, que é uma necessidade para enfrentar problemas que uma cidade como São Paulo que responde por 12% do PIB nacional, mais de 11 milhões de habitantes, é evidente que é preciso haver a convergência no enfrentamento de algumas questões”

A prefeita finalizou com a afirmação sobre o papel da cidade de São Paulo, quando questionada se o município continua sendo a “locomotiva do país”.

“São Paulo continua sendo a cidade que tem 12% do PIB, é a mais importante, a maior econômica e socialmente do país e cabe a gente continuar incrementando o crescimento, desenvolvimento social e urbano da cidade, embora, felizmente, já tenha outras cidades do estado e do país também se desenvolvendo, o desiquilíbrio que existia há um tempo atrás não existe mais”, encerrou Nádia Campeão.

De São Paulo, Ana Flávia Marx