Carina Vitral promete estremecer as universidades de SP

Se for eleita, ela faz questão de ser chamada de presidenta, assim como Dilma Rousseff. Ela é Carina Vitral, estudante de economia da Unip e candidata à presidência da União Estadual dos Estudantes de São Paulo pelo Movimento Bloco na Rua, que promete agitar as estruturas das universidades privadas e mexer no vespeiro do capital internacional que afeta a educação brasileira.

Carina Vitral

A candidata participou da diretoria executiva da União Nacional dos Estudantes, que findou no começo do mês de junho. Com a mochila cheia de experiência, Carina quer elevar o nível de protagonismo dos estudantes paulistas na briga para ampliar as vagas nas universidade públicas estaduais e para revogar o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), proposto pelo governo de Geraldo Alckmin.

De volta à Ibiúna

Outro fator que merece destaque é a sede do Congresso onde acontecerá a eleição. Depois de 45 anos, os estudantes voltam à Ibiúna para realizar, além do espaço estudantil, uma reparação histórica. Em parceria com o Ministério da Justiça, os participantes do congresso da UNE de 1968, ouvirão do Estado um pedido de desculpa pela repressão dos anos de chumbo.

“A gente comenta que todo estudante que participa do congresso da UNE ou da UEE já faz história por si só, por construir a história no seu tempo, mas esse congresso tem a marca especial de reviver Ibiúna, 45 anos depois do congresso que teve que ser clandestino, em 1968, ano em que o Brasil vivia uma época triste de sua história. Vamos reviver a nossa história, felizmente, em um momento de democracia consolidada no Brasil e reparar os erros do passado”, ressaltou Carina.

Bandeiras de luta

A grande maioria dos estudantes universitários paulistas estudam em instituições privadas. Em São Paulo, há os maiores grupos financeiros que atuam na área e também os maiores complexos educacionais.

A candidata à presidência do movimento Bloco na Rua defende que a entidade tenha como prioridade essa pauta durante os dois próximos anos através da luta para regulamentar o ensino privado.

“Aqui é onde a relação dessas instituições com os estudantes se dá de forma mais perversa, de poucos direitos estudantis, onde o estudante tem pouca participação, pouca qualidade de ensino e altas taxas de mensalidade, que aumenta todo semestre sem avisar previamente os estudantes, que nem tão pouco podem opinar em órgãos democráticos da universidade sobre esse aumento. Além das taxas para qualquer serviço, como impressão de segunda via de boletos, taxa para pegar histórico escolar, atestado de matrícula, entre outros direitos dos estudantes que hoje precisam ser pagos”, defende a estudante.

A intervenção do capital privado no ensino superior também estará na pauta dos estudantes. O ensino é um área estratégica para o projeto de qualquer Nação que vise a soberania, mas vem sendo influenciado por grupos financeiros e especulativos, como é o caso do grupo Laureate, que administra a maior parte da universidade Anhembi Morumbi, e do grupo Kroton Educacional, que foi fundido com o grupo Anhanguera, tornando-se o maior grupo educacional do país.

“Parte desses grupos tem a maioria do seu capital investido na bolsa de valores ou dominado por capital estrangeiro, como é o caso do grupo Kroton e Anhanguera, que juntos dominarão um milhão de matrículas do ensino superior. Isso é muito grave porque, inclusive, ultrapassa o número de matrículas total, de vagas das universidade públicas. Não é só um grupo que vai visar o lucro em troca da oferta de serviços educacionais, mas sim, um grupo que não tem nenhum compromisso com a nossa soberania, com desenvolvimento da tecnologia e a produção de conhecimento avançado”, seguiu Vitral.

A crítica ao Pimesp também será acentuada na nova gestão. Consensual entre os dirigentes estudantis, o programa não ajuda na democratização da universidade paulista, e sim o contrário, segrega os candidatos que querem disputar uma vaga pública estadual.

“Pra ter ideia do que estamos falando, somente 28% dos estudantes aprovados na USP são oriundos de escola pública, ou seja, todos os outros tiveram oportunidade de estudar em uma escola particular e ter estudo suficiente para entrar na faculdade pública. Esse tema também será tratado com bastante relevância”, manifestou.

A candidata disse que a sua primeira ação como presidenta da entidade será agitar as universidades de São Paulo para mobilizar milhares de estudantes para a jornada de lutas, tradicional ato estudantil, que acontecerá no dia 22 de agosto.

Serviço:

Congresso da União Estadual dos Estudantes de São Paulo
Data: 14, 15 e 16 de junho de 2013.
Local: Praça Matriz de Ibiúna
Contato: [email protected]

De São Paulo,
Ana Flávia Marx