Coreia Popular acusa Seul de dificultar diálogo 

As autoridades da República Popular Democrática da Coreia acusaram nesta quinta-feira (13) o governo da Coreia do Sul de obstruir as conversações previstas nesta semana entre as duas partes, apesar da expectativa e das preocupações na Península Coreana e no exterior. 

Um comunicado do Comitê de Reunificação Pacífica da Coreia (CRPC) divulgado em Pionguiangue pela agência coreana de notícias KCNA explica que a delegação da Coreia Popular estava pronta para partir a Seul quando foi informada de que a representação sul-coreana seria chefiada por um vice-ministro e não pelo ministro.

Rebaixar o nível da delegação sul-coreana pouco antes do início das conversações é altamente descortês e constitui um desrespeito sem precedentes na história do diálogo norte-sul, diz a nota.

A parte sul insistiu no diálogo em nível de ministros desde o início e confirmou mais uma vez sua intenção de enviar o ministro de Unificação, Ryoo Kihl-jae, mas reduziu o nível da mesma ao vice-ministro Kim Nan-shik, pontua a declaração.

O pronunciamento também condena a Coreia do Sul por referir-se ao chefe da representação da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) como figura pouco reconhecida e qualificar sua nomeação de "prática anormal".

Esta provocação exclui a possibilidade de conversações francas e por essa razão nossa delegação se viu obrigada a cancelar sua viagem a Seul, agrega a declaração publicada pela KCNA.

A RPDC rechaça as exigências das autoridades de Seul de que o grupo norte-coreano seja encabeçado pelo diretor do Departamento da Frente Unida por considera-lo contraparte do ministro sul-coreano de Unificação, o que –p sublinha a nota – demonstra a ignorância sobre o sistema social da RPDC.

Nunca existiu um precedente em que o secretário do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia (e diretor do Departamento da Frente Unida) tenha participado oficialmente na história de 10 anos do diálogo entre as duas Coreias, esclarece o Comitê de Reunificação Pacífica da RPDC.

Os sul-coreanos pediam que a representação da RPDC tivesse como negociador chefe Kim Yang Gon, secretário do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia, em vez de Kang Ji-young, diretor do Comitê para a Reunificação Pacífica desse país.

Ao referir-se aos desacordos no conteúdo da agenda, a declaração assinala os esforços da Coreia do Sul para não especificar em seus pronunciamentos o tema da celebração conjunta dos aniversários das duas declarações conjuntas, assinadas em 4 de julho de 1972 e 15 de junho de 2000.

Inclusive, os sul-coreanos trataram de que o rascunho do acordo bilateral seja ambíguo ao eliminar expressões e palavras como normalização e retomada, ao abordar assuntos como o Complexo Industrial de Kaesong e as visitas ao Monte Kumgang.

Em resumo, a RPDC considera que com essas ações Seul demonstra que nunca teve a intenção de realizar um diálogo e só buscava criar obstáculos.

Na opinião do CRPC, desta vez não se trata simplesmente de um assunto relacionado com o nível das delegações, mas uma "manifestação de intenções adversas para abortar o diálogo quando se deu conta de que era difícil criar um cenário que permitisse usar esses contatos para a confrontação".

Prensa Latina