Luciano destaca identidade cultural do povo do Recife

m qual cidade se dá esse debate hoje? O questionamento foi lançado pelo vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, ao dar início à palestra que proferiu nesta terça-feira (11) para mais de cem alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), durante o I Encontro de Turismo de Base Comunitária de Pernambuco promovido pela turma do terceiro módulo/tarde do curso superior de Tecnologia em Gestão de Turismo da instituição de ensino.

“Eu me refiro à cidade do Recife, que há 476 anos já nasceu cosmopolita. Nasceu como porto destinado a exportar o pau-brasil e outros produtos primários para Portugal e a Europa e também a comprar de fora produtos manufaturados, que já nasceu trocando mercadorias e muito mais do que mercadorias, trocando ideias, experiências, influências. De tal maneira, que nós construímos ao longo desses quase cinco séculos uma cidade aberta ao mundo, dialogando com outras gentes, vivendo com outras culturas, mas, sobretudo, capaz de construir sua própria identidade cultural que expressa o modo de ser, de trabalhar, de viver, de sobreviver, de alimentar seus sonhos, de sofrer suas dores, de experimentar seus valores, de nossa gente”.

Luciano explicou o porquê dessas referências. “Nós estamos vivendo esse debate e vocês fazem seu curso em uma instituição abrigada no território desta cidade, que tenhamos ou não plena consciência na nossa labuta, no nosso esforço de compreender o nosso papel na sociedade, o papel de cada um de nós e das instituições a que pertencemos, de trabalhar segundo os nossos planos, nós sofremos, sim, a experiência rica dessa gente que forma o povo do Recife, construído como o povo brasileiro, por uma mescla de gentes de outras partes, particularmente, uma conjugação do negro africano, do português e das nações indígenas que aqui já se encontravam quando os portugueses aqui chegaram. É essa gente que Darcy Ribeiro classificou de “um povo original”, sem nenhuma similitude com nenhum dos povos existentes no mundo. Um povo rico de criatividade, de iniciativa, capaz de sobreviver em condições muitas vezes as mais adversas”, destacou.

Bombando Cidadania


Manifestações culturais do Estado estão repesentadas no projeto

Segundo ainda Luciano, esses traços característicos do povo e da cidade do Recife estão presentes na experiência vivenciada na Bomba do Hemetério, bairro da Zona Norte da cidade, como primeiro destino turístico de base comunitária em área urbana do Recife organizado na perspectiva do desenvolvimento local e da mobilização e organização popular, a partir da implantação do programa Bombando Cidadania em 2008.

“A experiência registrada na Bomba do Hemetério é uma espécie de realização no particular, em um pedaço do território do Recife disso que eu considero uma marca de nossa gente. Um exemplo a ser considerado não apenas por vocês que estão realizando seus cursos, pelos seus professores, por nós que estamos governando a cidade e por todas as instituições vivas que desejam o bem para a cidade do Recife. Um exemplo que deve ser encarado como piloto que vai nos inspirar nas ações que nós pretendemos realizar na mesma direção no Alto José do Pinho, que tem relações com a Bomba do Hemetério, em Brasília Teimosa, e em outras partes da cidade”.

Desenvolvimento sustentável

O vice-prefeito do Recife ressaltou também o momento “do País, do Nordeste, de Pernambuco e da nossa cidade” em que esse debate acontece. “Nós estamos vivendo há uma década um esforço hercúleo de substituição de um modelo de desenvolvimento que imperou até então marcado por equívocos estruturais profundos, voltado para o sistema financeiro internacional, para uma financeirização excessiva da economia, em que a usura, a busca do lucro na ciranda financeira com base em juros elevados tinha muito mais importância do que o investimento na produção, que gera empregos, oportunidades de trabalho, produz riqueza real e desenvolve a sociedade. Um modelo que valoriza a produção, o trabalho, que busca o desenvolvimento que valorize o trabalho, que seja sustentável do ponto de vista social, econômico, ambiental e cultural”.

“É nesse contexto que o Recife se insere, capital de um estado que cresce a taxas mais elevadas do que o Nordeste, que por seu turno é a região que mais cresce no País, frutos das decisões tomadas pelos governo central a exemplo da alocação no Complexo Portuário de Suape da refinaria de petróleo e outros grandes empreendimentos industriais de ponta com a existência no estado de uma capacidade criadora, de uma capacidade gestora encarnada pelo Governo do Estado, que pode apresentar projetos e fundir energias com o Governo federal e iniciar uma nova fase de desenvolvimento econômico de Pernambuco que em nossa história só tem paralelo no ciclo do açúcar nos séculos 16 e 17”.

Ao encerrar, Luciano destacou as diversas dimensões da atividade turística. “O que salta aos olhos é a dimensão econômica do turismo, pois é crescente o peso do turismo na constituição do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, também pelas oportunidades de emprego que oferta, mas é preciso também considerar – e esse encontro acentua – o aspecto da atividade turística como instrumento de expressão da nossa identidade cultural, do modo de ser do nosso povo, das características marcantes das nossas cidades, aliados ao entrosamento com o lazer”.

Fonte: Site de Luciano Siqueira