Palestina: Expansão colonial israelense continua a ameaçar a paz

Nesta quinta-feira (13), jornais palestinos focaram no anúncio de expansão da construção de colônias israelenses na Cisjordânia, território palestino. Serão 674 novas unidades habitacionais, de acordo com a agência de notícias palestina Wafa. O congelamento das construções tem sido pedido reiteradamente pela Autoridade Palestina para a retomada das negociações com Israel e analisada como a única forma de manter alguma viabilidade para a solução de dois Estados ao conflito.

Colônia judia na Cisjordânia - AFP

Os diários Al-Ayyam e al-Hayat al-Jadida informaram que a decisão de expandir assentamentos israelenses ao sul de Nablus prejudica os esforços que os secretário de Estado norte-americano John Kerry comprometeu-se a fazer para garantir a volta de palestinos e israelense à mesa de negociações.

Já o diário Al-Quds dedicou a sua manchete aos confrontos entre palestinos e soldados israelenses em várias áreas da Cisjordânia, enquanto as forças israelenses demoliam casas e outras estruturas e prendiam ainda mais civis.

De acordo com a Wafa, o exército israelense fechou os portões do muro segregador (que terá 800km de extensão quando terminado) que corta a Cisjordânia, na vila de Calândia, ao norte de Jerusalém, o que dificulta imensamente a vida das famílias que vivem do lado de Jerusalém mas têm documentos de identificação da Cisjordânia. O exército abre o portão apenas três vezes ao dia para permitir que as famílias atravessem de um lado a outro.

Enquanto isso, o presidente Mahmoud Abbas encontrou-se com o subsecretário do Departamento britânico para Assuntos do Oriente Médio, Alistair Burt, que disse que Israel “estará em grande perigo” se as negociações falharem.

Já o ministro sueco para o desenvolvimento e para a cooperação internacional disse, de acordo com o diário Al-Quds, que a ocupação israelense deve ser finalizada, que os assentamentos são ilegais e que o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza deve ser levantado.

Em outro sentido, o vice-primeiro-ministro para Assuntos Econômicos da Palestina Muhammad Mustafa foi citado pelo jornal Al-Ayyam informando que o primeiro-ministro Rami Hamdallah embarcará em breve em um tour por países árabes, para pedir apoio financeiro e político aos palestinos.

O jornal israelense Haaretz cita a construção de 537 novas casas e a possibilidade de “legalização”, pelas autoridades israelenses, de outras 130 já construídas. Mais de 360.000 colonos israelenses vivem na Cisjordânia e quase 200.000 nas zonas de colonização de Jerusalém Oriental, embora alguns setores do governo israelense, minoritários, tenham se mostrado favoráveis ao congelamento das construções em terras palestinas em prol das negociações.

O atual governo israelense (formado através de uma coalizão forjada no começo do ano pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu) tem sido analisado como um dos mais sionistas (ideologia usada para defender o colonialismo judeu na Palestina) dos últimos tempos, com forte representação dos grupos de colonos em territórios palestinos.

Um exemplo é o líder da extrema-direita nacionalista e do partido Lar Judeu (parte da coalizão de Netanyahu), Naftali Bennett, ex-líder do Conselho para o Assentamento em Judeia e Samária, ou seja, Cisjordânia.

Com Wafa,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho