Sindicatos turcos planejam paralisação contra violência policial

O Colégio de Advogados da Turquia confirmou nesta segunda-feira (17) que ao menos 400 manifestantes foram detidos em Istambul, e em Ancara, o número ronda os 150, após uma larga jornada de protestos e repressão policial. O organismo urgiu o Conselho da Europa a tomar medidas urgentes para a proteção dos direitos humanos, com base nos seus estatutos. O líder da oposição turca e presidente do Partido Popular Republicano, Kemal Kilicdaroglu, disse ver nos protestos um ponto de viragem.

Canhão de água Turquia - Kerim Okten / European Pressphoto Agency

No contexto dos protestos, dois jovens continuam desaparecidos. Os meios opositores tomam declarações dos familiares que temem que a polícia tenha abusado nos interrogatórios. Durante os protestos que se estenderam até a madrugada desta segunda, em Istambul, a maior cidade da Turquia, as forças policiais usaram canhões de água e gás lacrimogêneo contra milhares de manifestantes, que tentavam chegar à Praça Taksim.

Fontes médicas denunciaram que a água lançada com força intensa contra os protestantes contém substâncias químicas que provocam erupções na pele e danos à visão.

Nesta segunda, ao menos cinco sindicatos anunciaram paralizações dos setores públicos, em protesto contra a repressão policial, enquanto o ministro do Interior, Muammer Güler, ameaça tomar medidas, pelo que classificou de “greves ilegais”.

No sábado (15), a polícia dispersou de forma violenta os manifestantes que estavam acampados no parque Gezi, e outro grupo similar que protestava na Praça Taksim.

Depois, houve mais protestos em várias cidades turcas, como em Adana, no sul do país, em solidariedade aos acampados e contra o uso excessivo da violência durante o desalojo. Na ocasião, também foram registrados confrontos entre manifestantes e as forças policiais.

          Foto: Bulent Kilic / AFP/Getty Images
     
           Manifestantes correm para escapar das bombas de gás lacrimogêneo disparadas contra eles pela polícia, na Praça
           Taksim, de Istambul.

Há 20 dias a Turquia tem realizado manifestações massivas no centro de Istambul e em outras cidades, desde que uma manifestação pacífica contra a destruição de um parque foi reprimida brutalmente pela polícia.

Com o passar dos dias, as demandas dos indignados tomaram outro matiz e voltaram-se, inclusive, à reivindicação pela renúncia do primeiro-ministro turco, Recep Tayip Erdogan, considerado pelos manifestantes um governante autoritário que tem a intenção de islamizar oficialmente o país.

Kemal Kilicdaroglu, presidente do Partido Popular Republicano, da oposição, disse que os protestos mostram como o partido governante, AKP, de Erdogan, está distanciado da "geração democrática", que conforma a maioria dos manifestantes.

"O uso de força excessiva criou ressentimento na sociedade […], mostra que as demandas por democracia e liberdade são legítimas. Se Erdogan continuar com essa conduta, a reivindicação por maiores liberdades crescerá", disse Kilicdaroglu.

Com agências
da redação do Vermelho