Melka: "Tenho em mim a vontade de cuidar das pessoas"

Terceira jovem mulher pernambucana e progressista a assumir a direção de uma entidade estudantil histórica, Melka Pinto, 21, nova presidenta eleita da UEP – União dos Estudantes de Pernambuco, faz um breve resumo de sua futura atuação frente a centenas de estudantes. Afônica, ela concedeu a entrevista abaixo ao site do PCdoB Recife, no dia seguinte a sua eleição.


Melka com o ex-presidente Tahuan Fernandes durante o 39º Congresso da UEP

Como será o jeito feminino de dirigir a UEP?

Melka Pinto – Eu estudo Enfermagem, tenho em mim essa vontade de cuidar das pessoas. É o que eu já dizia em meus discursos e essa é a minha forma de tratar no DCE da Universidade de Pernambuco. A gente tem de se preocupar com cada estudante, com o que ele tem para falar, e escutá-lo, porque cada um tem anseios diferentes. Então, a gente tem de pautar a gestão diante da preocupação de cada um. Temos de estar preocupados com as pessoas para poder pautar a gestão.

Qual é a pauta da UEP específica para os estudantes de Pernambuco?

Melka Pinto – Pois é, a gente continua com as pautas que não são novas, como a regulamentação do ensino privado, pois sabemos que o número de faculdades privadas vem crescendo sem que a gente veja nenhuma regulamentação, inclusive na questão de fiscalizar para garantir a qualidade da educação, do ensino, da pesquisa, da extensão. A gente também quer continuar a discussão sobre as 13 autarquias municipais já que nós defendamos a estadualização. Na UPE, por exemplo, a gente debate o Plano Estadual de Assistência Estudantil porque a gente sabe que na UPE, apesar de alguns avanços, como a gratuidade os estudantes que vem do interior, por exemplo, para o Recife não tem condições de se manter, daí a gente defende a pauta da assistência estudantil. Inclusive, a gente fez uma passeata no último dia 3 de abril que colocou os estudantes na rua em Petrolina, Arcoverde, Caruaru e aqui no Recife para dizer que a UPE precisa.

Você que é jovem, que é militante, como avalia esse movimento, essa mobilização que vem ocupando as ruas de diversas cidades brasileiras, tendo com pano de fundo, em princípio, a questão do aumento das tarifas e as más condições do transporte coletivo. O que motiva esse movimento?

Melka Pinto – Acho que tem vários fatores que contribuem para esse sentimento de indignação dos jovens. A gente deve pautar o transporte público junto com a questão da mobilidade urbana. Então, o que é que a gente aqui no Recife? A questão de aumentar R$ 0,10, R$ 0,15 na passagem do ônibus é que a gente não vê nenhum reflexo na qualidade do transporte público. Quanto à mobilidade urbana, no Recife nós estamos praticamente parados, não existem calçadas no Recife, não tem ciclovias como alternativa, a gente não tem segurança suficiente, não tem iluminação. Aí fica difícil. A questão do valor da passagem é uma coisa que no bolso do estudante é muito complicada, porque muita gente não trabalha e não tem como se manter. Aí é quando a gente pauta o passe livre para que seja também uma questão de garantir a permanência do estudante, o acesso do estudante à universidade. É isso que a gente tem de pautar na quinta-feira (20) na rua.

Como você avalia o fato de neste momento três jovens pernambucanas presidir três importantes entidades do movimento estudantil local e nacional?

Melka Pinto – Eu já sou presidente do Diretório Central da UPE e acredito que essa minha formação foi muito natural, do dia a dia, da militância. Já fui formada por essa última gestão da UEP e por estar presidindo o DCE e agora o momento que a UEP vive, que o Estado vive, viram em mim a liderança que a UEP estava precisando. Então, acho natural ser a terceira mulher a ocupar a presidência de uma entidade estudantil.

É um novo momento para a mulher nos espaços de poder?

Melka Pinto – Creio, que nós estamos assumindo os espaços de poder porque estamos mostrando nossa capacidade de liderança, de gestão, de administração.

E a posse da nova direção?

Melka Pinto – Nós ainda não marcamos a data, mas já estamos pensando em fazer uma posse massiva, para convocar, para passar nas salas de aula para chamar os estudantes, para chamar cada centro, cada diretório acadêmico, governantes, reitores …

Audicéa Rodrigues
Do Recife