Ministro da Defesa israelense negocia para legalização de colônia

De acordo com um artigo desta quarta-feira (19) do diário israelense Haaretz, o ministro da Defesa de Israel Moshe Ya’alon está negociando com os colonos para a legalização do posto de assentamento de Havat Gilad, em troca da sua retirada de quatro estruturas na Área B da Cisjordânia, designada nos Acordos de Oslo de 1993 como território sob o controle civil dos palestinos e controle conjunto da segurança.

Depois de duas semanas de negociações intensas, os colonos concordaram em evacuar as quatro estruturas na Área B (que estão destinadas à demolição) dentro de oito dias. Em troca, Ya’alon, que é do partido Likud (de direita, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu), concordou em examinar a possibilidade de reconhecer oficialmente a colônia em pleno território palestino.

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De acordo com Ya’alon, reconhecer o assentamento de Havat Gilad como “legal” depende de um exame dos direitos de propriedade territorial. “A possibilidade de legitimar parte da área disputada está sendo analisada, em paralelo com a evacuação de prédios que estão claramente em terra palestina”, disse um representante do escritório de Ya’alon.

Havat Gilad é formada por cerca de 40 estruturas, e foi estabelecida em 2002, supostamente como resposta à morte de um judeu por “ataques terroristas”, de acordo com o diário israelense. Logo depois, foi evacuado duas vezes, mas desde então tem crescido consideravelmente.

Segundo o Haaretz, “o estatuto legal das terras é complexo. De acordo com os registros da Administração Civil [israelense], a terra costumava ser trabalhada pelos palestinos, e por isso, parecia pertencer a eles. Entretanto, Har Vagai, uma companhia de propriedade de Moshe Zar, [o pai do fundador da colônia, Itai Zar] pediu a transferência do registro da terra para o seu nome, depois de comprá-la”.

Entretanto, isso não muda o fato de que as terras estão dentro da Cisjordânia, ou seja, território palestino, para o estabelecimento do Estado independente da Palestina. Ainda assim, constitui apenas mais um dos vários territórios ocupados pelos israelenses, impedindo o avanço com a solução de dois Estados.

Manter as disputas judiciais, em âmbito israelense, não é uma questão legítima, mas os colonos acreditam que a sua postura é válida, mesmo que vá de encontro com todos os acordos assinados até hoje.

Em fevereiro de 2012, residentes das vilas vizinhas de Farata e a Yesh Din (Voluntários pelos Direitos Humanos) apelaram à Suprema Corte de Justiça israelense, pedindo a demolição das quatro estruturas construídas na Área B, pertencente aos agricultores palestinos.

A partir dos Acordos de Oslo, que deveriam ser temporários e transitórios, a Autoridade Palestina tem jurisdição sobre o planejamento das construções, mas as Forças de Defesa de Israel é responsável pelo policiamento entre os colonos.

A organização Yesh Din manifestou-se contra a notícia sobre as negociações do ministro Ya’alon com os colonos. Haim Erlich, diretor-geral da organização, disse que “o ministro da Defesa Ya’alon está atualmente encorajando os colonos em toda a Cisjordânia a continuar tomando terras palestinas privadas”.

“A legitimação de Havat Gilad só adicionará força às ações criminais dos colonos”, afirmou. “Ao mesmo tempo em que o Estado está deliberando sobre definir a violência dos colonos [física e psicológica, contra os palestinos] como um ato de terrorismo, ou como agrupamento não-autorizado, está tornando-se cúmplice ativo a atos criminosos e ao roubo da terra privada palestina”, completou.

Com informações do Haaretz,
Da redação do Vermelho