Remédios: Custo para pobres é 3,6 vezes maior que para ricos

As famílias mais pobres tinham, no período de 2008-2009, um comprometimento proporcional da renda com a compra de medicamentos 3,6 vezes maior que as famílias mais ricas. No entanto, essa diferença apresentou redução no período estudado, pois era de 5,3 vezes na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) de 2002-2003.

Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as POFs 2002-2003 e 2008-2009 revelam, respectivamente, que o gasto das famílias mais pobres com medicamentos era de 73% e passou para 66% da despesa com saúde, enquanto entre as famílias pertencentes ao grupo de maior renda, a proporção saiu de 26% para 29%.

Para o total das famílias brasileiras, o percentual da renda comprometido com esse gasto foi de 2,5%, em 2002-2003, e 2,6%, em 2008-2009 – ou seja, permaneceu praticamente inalterado no período.

Apesar da tendência favorável às camadas menos abastadas da população, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Carlos Ocké, considera que não é a participação privada a responsável. Ele considera que há necessidade de maior regulação no setor, inclusive para viabilizar a sustentabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS).

“É sabido que a crise econômica internacional de 2008 foi causada em boa parte pela absoluta falta de regulação pública dos mercados. Nessa linha, evitar que a regulação econômica da saúde privada caminhe para padrões verdadeiramente prudenciais poderá causar sérios prejuízos aos consumidores, com potencial pressão sobre o orçamento público, num quadro crônico de subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS)", resume.

Fonte: Monitor Mercantil