Greve geral em Portugal: Centrais apontam desgaste do governo

Às vésperas de mais uma greve geral em Portugal, os líderes das duas maiores centrais sindicais do país afirmam à mídia que o dia de amanhã será uma verdadeira jornada de luta. Arménio Carlos, da CGTP, acredita numa quinta-feira de “grande adesão” à greve que resultará numa “enorme derrota para o governo”. Já Carlos Silva, da UGT, adianta que a greve geral será um grito de insubmissão" às políticas de austeridade” e de "tolerância zero" para com o governo.

CGTP e UGT voltaram a unir-se para mais uma greve geral que mobilizará milhares de trabalhadores das duas centrais sindicais numa demonstração de total repúdio pelas políticas do governo de Pedro Passos Coelho.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, prevê "uma grande adesão" à greve geral de quinta-feira, o que, acredita, será "uma grande derrota para o governo", que pretende ver derrubado para conseguir um novo rumo político.

"Uma grande adesão dos trabalhadores à próxima greve geral corresponde a uma grande derrota do governo e a uma fragilização da sua base social de apoio", disse Arménio Carlos.

Em entrevista à agência Lusa e depois de ter participado em plenários por todo o país, o sindicalista entende que as perspectivas apontam para "uma greve geral muito boa" porque "há um grande descontentamento e indignação contra a política do governo".

Arménio Carlos salientou ainda que, nos plenários que têm feito, muitos têm sido os trabalhadores que votaram no PSD que manifestam a sua frustração e disponibilidade para participar na greve geral.

"Esta ofensiva é contra todos, independentemente das opções políticas ou sindicais", afirmou Arménio Carlos que deixou, no entanto, um alerta contra qualquer manifestação de violência e defendeu o direito à resistência.

"Não podemos confundir violência com resistência. Vamos combater qualquer tipo de violência, mas não abdicamos de resistir a estas políticas", concluiu.

Tolerância zero

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, concorda com Arménio Carlos quando considera que a greve geral é um "grito de insubmissão" perante as políticas de austeridade impostas, numa altura de "tolerância zero" para com o governo.

"O que a UGT tem vindo a fazer enquanto parceiro social é, gradualmente, percorrer os degraus que nos levam a um determinado patamar e, com a greve geral, esse patamar é atingido. Tolerância para a negociação há sempre, mas a tolerância em relação a estas políticas de austeridade é zero", disse Carlos Silva.

O sindicalista afirmou que "o dia 27 é o dia de um grito de insubmissão às políticas de austeridade", mas também "o último momento que o movimento sindical tem para dizer basta a quem nos governa".

"É o último recurso para dizer: meus senhores, chegou o momento de refletir e de perceber que o povo não aceita isto. A partir daí veremos qual será o grau de abertura do governo em entender o clamor que se levantará no país e a partir daí tomaremos as nossas decisões e saberemos qual é o nosso rumo", reforçou.

Carlos Silva disse esperar que "o rumo do governo seja um rumo que não desperdice as vontades dos parceiros sociais em fazer da concertação social um verdadeiro fórum de entendimento".

Para o líder da UGT "um governo que se confronta claramente com todos os parceiros sociais da forma como o está a fazer significa que é o dono da verdade absoluta e isso não existe em democracia, mas em regimes de ditadura e totalitários".

"Esta política implementada nos últimos dois anos falhou, não foi bem-sucedida. O país continua a empobrecer, o desemprego aumenta, a economia não cresce, os empresários não investem. Basta de políticas de austeridade que castigam o país, violentam as pessoas, penalizam os trabalhadores, os reformados e os pensionistas", disse Carlos Silva.

Com agências