Governos europeus negam a Evo Morales sobrevoo de espaço aéreo 

Depois de deixar a Rússia, o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, realizou nesta terça-feira (2) um pouso de emergência na Áustria, quando a França, a Espanha e Portugal negaram permissão para sobrevoar os respectivos espaços aéreos devido a rumores de que o ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA) Edward Snowden estava a bordo. Morales retornava do Foro de Países Exportadores Gás. 

Segundo a chancelaria da Bolivia, a decisão desses países se deveu à "soberana mentira" de que no avião presidencial encontrava-se o ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos e da CIA. Tal decisão pôs em risco a vida do presidente Morales, denunciaram as autoridades bolivianas.

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Horas depois, França, Portugal e Itália anunciaram que autorizam o uso de seus espaços aéreos ao avião do presidente Morales. A Espanha ainda não tomou a mesma decisão.

"Nos mobilizamos através de nossos embaixadores na Europa para que nos possam dar alguma explicação. Eles dizem que são questões técnicas. Mas depois de algumas comunicações com algumas autoridades nos informamos de que havia suspeitas infundadas de que o senhor Snowden estaria nesse avião. Não sabemos quem inventou esta soberana mentira", sublinhou em declarações à imprensa o chanceler boliviano, David Choquehuanca.

O ministro da Defesa da Bolívia, Rubén Saavedra, rechaçou que no avião presidencial esteja algum pasageiro não registrado, referindo-se a Snowden.

Saavedra enfatizou que esses países "foram utilizados" pelos Estados Unidos para prejudicar a imagem do governo da Bolívia. "Queremos denunciar uma ação abusiva, uma ação imprudente que atentou contra a vida do presidente constitucional da Bolívia mediante um ato de intimidação propiciado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, para o qual utilizou alguns governos da Europa", disse.

Por sua parte, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, assegurou que em relação ao caso convocará uma reunião extraordinária da Unasul para estudar o incidente com o avião presidencial boliviano.

Durante sua visita oficial a Moscou o mandatário boliviano visitou os estúdios da Russia Today, onde concedeu uma entrevista durante a qual declarou que não tinha recebido solicitação de asilo de Edward Snowden, e que estaria disposto a “debater, analisar o tema”.

A situação de Julian Assange, criador do portal Wikileaks, e do ex-agente Edward Snowden foi qualificada por Morales de "preocupante", e agregou que os "impérios têm uma rede de espionagem contra os países que contam com muitos recursos naturais".

Reações

Presidentes latino-americanos comunicaram-se por telefone com seu colega boliviano para manifestar-lhe sua solidariedade depois de ficar bloquedo na Áustria pelo cancelamento da permissão de voo de seu avião.

Segundo informou Evo Morales a jornalistas no aeroporto de Viena, os mandatários da Argentina, Cristina Fernández, da Venezuela, Nicolás Maduro e do Equador, Rafael Correa, lhe telefonaram para expressar repúdio ao que ocorreu.

O governo de Cuba qualificou de ofensa à América Latina e Caribe o que ocorreu a Evo Morales na Europa, o que considerou também como "um ato inadmissível, infundado e arbitrário".

O secretário-geral da Unasul, Ali Rodríguez, qualificou de indignante e absurdo o cancelamento do voo pela "simples suspeita" de que Morales transportava o ex-agente da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

A Comunidade Andina de Nações considerou que "não há nada que justifique uma atitude dessa natureza, que não só atingiu os direitos de tráfego aéreo, mas também a segurança do presidente".

A Organização dos Estados Americanos expressou seu profundo mal-estar pelo ocorrido e pediu às nações europeias implicadas dar uma explicação de suas razões.

O presidente do Peru, Ollanta Humala, também assegurou que pedirá uma reunião da Unasul para avaliar os fatos e o uruguaio José Mujica disse estar indignado depois de saber da noticia.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elias Jaua, disse que seu governo assumia como a si próprio a agressão contra Morales, que descreveu como um atentado.

Na Nicarágua, o governo considerou um "ato criminoso" a negativa da França, da Espanha e de Portugal de impedir o voo sobre seu território do mandatário, quando regressava da Rússia do Foro de Países Exportadores de Gás.

"Nosso presidente Daniel Ortega está expressando nossa condenação por esta ação criminosa que pôs em risco a vida de um chefe de Estado", afirmou a porta-voz presidencial, Rosário Murillo.

Mediante um comunicado especial, os países da Alba expressaram sua solidariedade com Morales e consideraram o fato uma ameaça à imunidade de um chefe de Estado a atitude destas nações europeias, que não permitiram o sobrevoo em seu espaço aéreo do avião que transportava desde Moscou o mandatário boliviano.

Com Russia Today e Prensa Latina