Obama e Angela Merkel discutem sobre espionagem dos EUA

Os Estados Unidos e a Alemanha concordaram nesta quinta-feira (4) em realizar intercâmbios entre especialistas nos próximos dias sobre as denúncias dos programas de espionagem americanos contra seus aliados europeus, segundo informações dadas pela Casa Branca.

A declaração assinala que o presidente Barack Obama falou por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, assegurando que o regime estadunidense "leva a sério" as preocupações de seus aliados europeus sobre o tema.

Os dois chefes de Estado concordaram que seja realizada uma reunião de alto nível entre funcionários de segurança dos dois regimes nos próximos dias para discutir assuntos ligados às atividades de espionagem denunciadas recentemente pelo ex-funcionário terceirizado da Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden.

Os dois líderes também apoiam um diálogo entre os Estados Unidos e a União Europeia sobre a coleta de dados de espionagem e a supervisão dos aspectos relacionados com a privacidade dos cidadãos e a segurança das informações, agrega o texto divulgado pela Casa Branca.

Relatórios recentes de que a NSA espionou as comunicações eletrônicas, instalou microfones e outros meios de vigilância nos escritórios diplomáticos da União Europeia, causaram indignação e desconfiança nos meios políticos e na opinião público do Velho Continente.

O presidente do Parlamentu Europeu, Martin Schultz, disse que se as denúncias forem comprovadas como verdadeiras, isso seria muto grave e haverá uma deterioração das relações entre a União Europeia e os Estados Unidos.

A Câmara Europeia condenou nesta quinta a espionagem sobre as instituições europeias feita pelos Estados Unidos, mas não recomendou a suspensão das negociações do tratado de livre comércio, como pediam representantes da Esquerda Única, Esquerda Verde Nórdica e partidos socialistas e democratas.

"Indignação" e inação

Na última terça-feira, o presidente da França, François Hollande, pediu que se adotasse pelos europeus uma postura conjunta diante do escândalo.

"É necessário que Europa tenha uma posição coordenada, comum, com respeito às exigências que temos que formular e às explicações que temos que pedir", disse.

Na segunda (1º/7) o chefe de estado francês condicionou a negociação com Washington sobre o tratado de livre comércio, pedindo que a Casa Branca ofereça garantias do fim da espionagem, uma exigência reiterada pelo ministro de Economia e Finanças, Pierre Moscovici.

Na terça o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso; e o do Conselho, Herman Van Rompuy, declararam-se "muito preocupados" pelas notícias da vigilância às instituições da UE.

"Se estas notícias demonstram-se verdadeiras, seriam muito inquietantes e proporiam preocupações graves", declarou Barroso, enquanto Van Rompuy disse esperar explicações completas e urgentes por parte dos Estados Unidos sobre este caso.

No entanto, toda a retórica destes representantes das classes dominantes europeias caíram por terra quando o voo do presidente da Bolívia, Evo Morales, procedente de Moscou com destino a La Paz, não teve autorização para sobrevoar o espaço aéreo da Espanha, França e Alemanha.

A aeronave que o transportava, um Dassaul Falcon EX, foi obrigada a pousar em Viena, para reabastecer. Ali, autoridades locais e o embaixador da Espanha exigiram que o avião fosse revistado, para que se comprovasse que Snowden não se encontrava nele.

A atitude provocou a indignação da América Latina e revela a total submissão dos governos europeus às políticas externas da Casa Branca.

Com informações da Prensa Latina