Diálogo entre governo e camponeses colombianos está paralisado

A situação no Catatumbo colombiano, que fica no Norte de Santander, continua sem solução enquanto o governo insiste em colocar o fim dos protestos como condição para o diálogo com o campesinato.

Quando estavam a ponto de começar na última sexta-feira (5) as mesas de negociação no município de Tibú, os agricultores suspenderam a reunião, depois das declarações do ministério de Defesa, que acusou os líderes de estarem vinculados à guerrilha.


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Em um comunicado, a Associação Nacional de Zonas de Reserva Camponesa repudiou firmemente a perseguição institucional e midiática contra os agricultores."Recusamos as perigosas e mal intencionadas acusações do ministro de Defesa, Juan Carlos Pinzón, que atentam contra a dignidade, bom nome, vida e integridade dos camponeses em protesto", apontaram.

O ministério revelou, na última sexta-feira (5), supostas provas sobre as relações dos porta-vozes camponeses com as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP).

A informação publicada pela imprensa, acrescenta o texto, corresponde a uma estratégia levada a cabo por esse ministério que procura desvirtuar os protestos, deslegitimar os porta-vozes e acabar com o diálogo entre o Estado e as comunidades camponesas.

Os líderes sindicais alertaram a opinião pública que as declarações do ministério de Defesa podem piorar a situação de direitos humanos no Catatumbo, cujas manifestações foram atacadas pela força pública, com um saldo de quatro mortos e mais de 30 feridos.

O presidente Juan Manuel Santos se reuniu na sexta com vários membros de seu gabinete e os dois porta-vozes governamentais designados para a possível mesa de negociação.

Em um comunicado oficial, o governo sublinhou que "tem toda a vontade de continuar dialogando com os camponeses do Catatumbo para construir uma metodologia que permita retomar as conversas" no entanto reiteraram que as mesas se iniciarão quando acabarem as manifestações.

Por outro lado, o vice-fiscal geral, Jorge Perdomo, confirmou que os quatro camponeses que morreram durante os protestos foram impactados com arma de fogo, em um dos casos com bala de fuzil, como provou a necrópsia.

Três semanas depois de começarem as mobilizações, os mais de 16 manifestantes continuarão de pé até que o governo os escute.

Entre suas principais reivindicações estão a declaração de uma Zona de Reserva Camponesa, a substituição gradual dos cultivos ilícitos, a defesa dos direitos humanos e as políticas mineiro-energéticas.

Fonte: Prensa Latina