Portugueses exigem demissão do governo e novas eleições

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) saiu às ruas no último sábado, na cidade portuguesa de Belém, para exigir a demissão do atual governo do país e em defesa de eleições antecipadas.

CGTP-IN vai às ruas pedir demissão de governo português

Com a temperatura ultrapassando 40 graus Celsius, a manifestação foi às ruas para pedir a demissão do governo por causa das políticas draconianas aplicadas no país a mando da tróica europeia – Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional. Essa política foi responsável, por exemplo, por mais de 200 mil demissões de trabalhadores nos últimos dois anos.

Leia abaixo a íntegra da Resolução emitida pela entidade sindical:

Resolução
Evitar o colapso político e social do país
Demissão do governo, eleições antecipadas já!

Passados dois anos de aplicação do memorando das tróicas e de permanência da coligação PSD/CDS-PP no governo, a situação do país e a vida dos trabalhadores e outras camadas da população está hoje muito pior:

No plano financeiro, o déficit não desceu e, ao contrário, subiu para 10,6% do PIB, no 1º trimestre; a dívida cresceu mais 48 bilhões de euros e já ultrapassou os 127%, enquanto os juros se aproximam dos 8%;

A nível econômico, foi desenvolvida uma política assente na destruição da capacidade produtiva e alienação dos recursos nacionais, na concentração da riqueza, ampliando ainda mais as taxas de lucro do capital, e na gestão criminosa que provocou pesados prejuízos ao erário público, como aconteceu com os processos especulativos do BPN e outros Bancos. Sucederam-se inúmeros negócios ruinosos, as parcerias público privadas (PPP), os contratos de gestão de risco financeiro (SWAP) e a privatização de empresas.

No plano social, as consequências são dramáticas, com a destruição de centenas de milhares de postos de trabalho, elevando o desemprego para mais de 1,5 milhões de pessoas; os cortes nos salários e pensões de reforma, a par do aumento dos impostos, que empobreceram fortemente os trabalhadores e as famílias, milhares delas a sobreviverem já abaixo do mínimo de subsistência; o ataque aos direitos laborais e sociais agravaram drasticamente as condições de trabalho, fazendo aumentar a exploração dos trabalhadores.

Basta desta política! Os trabalhadores e o povo não podem continuar reféns de um governo que está de costas viradas para o país, comprometido e amarrado aos interesses dos grupos econômicos e financeiros nacionais e estrangeiros e que, além do mais, também entrou em alta rota de colisão com o quadro constitucional.

A demissão dos ministros Vitor Gaspar e Paulo Portas, números dois e três da hierarquia do governo, é consequência direta da luta dos trabalhadores face aos resultados desastrosos a que a política de direita do governo PSDCDS conduziu o País. Traduz o isolamento deste governo, evidenciado perante o crescendo das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras nos locais de trabalho e os protestos do povo nas ruas, e acusa um claro desgaste face ao aumento da contestação popular, de que é exemplo inequívoco a Greve Geral realizada no passado dia 27 de Junho.

O governo PSD/CDS-PP está moribundo, corre contra o tempo e apenas encontra suporte no seu indefectível apoiante, o Presidente da República que, agindo em desprezo pela Constituição da República Portuguesa, se afirma como cúmplice ativo de uma política que está a destruir os direitos de quem trabalha e, ao mesmo tempo, destrói também econômica e socialmente o país.

No atual contexto, este governo não tem legitimidade nem credibilidade politica para avançar com medidas legislativas em curso que agravam as condições de vida e de trabalho, nem com novos pacotes de austeridade que visam atacar os direitos dos trabalhadores da Administração Pública, do setor empresarial do Estado e do setor privado, mais uma vez com o objetivo central de desequilibrar as relações de trabalho a favor do patronato: com a redução dos salários, das pensões e dos subsídios; mais despedimentos e menos indemnizações; aumento do horário de trabalho; mais cortes na Educação, Saúde e Segurança Social; com a denominada “Reforma do Estado”; com o agravamento da carga fiscal e do custo de vida para os trabalhadores, os reformados e pensionistas e as famílias em geral, tornando impossível a concretização de uma vida digna para a generalidade dos que vivem e trabalham em Portugal.

A atual situação de desastre econômico e social do país não se ultrapassa com a alteração de ministros nem com operações de sobrevivência desesperada, mas sim com uma mudança efetiva de política, que apenas se poderá concretizar com a demissão deste governo e a realização de eleições legislativas antecipadas.

É preciso que o Presidente da República ponha fim ao pesadelo que o governo PSDCDS-PP constitui para os portugueses e convoque eleições imediatamente para devolver ao povo o poder soberano de decidir sobre o seu futuro.

Nós trabalhadores e todos quantos participamos nesta grandiosa Concentração afirmamos, bem alto, que estamos aqui para:

Manifestar a nossa férrea vontade, determinação e confiança de agir em nome de uma vida decente e da dignidade de quem trabalha; por uma política que tire o país da crise e ponha a economia a crescer e a criar emprego; por uma justa distribuição da riqueza produzida e por um novo rumo, apontado ao desenvolvimento e ao progresso, que assegure um Portugal Soberano e de Futuro para os jovens e todos quantos vivem e trabalham em Portugal;

Exigir que seja posto fim à política de direita e às medidas ditas de austeridade, aos cortes nos salários e nas reformas, ao desemprego galopante e à destruição dos serviços públicos, do Serviço Nacional de Saúde, da Escola Pública e da Segurança Social.

Reclamar do Presidente da República que assuma os seus deveres constitucionais, interrompendo com urgência o rumo de Portugal para o abismo econômico e social, o que exige a imediata demissão do governo, a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas;

Assumir o compromisso de prosseguir a luta, exortando ao alargamento e convergência da ação dos trabalhadores e das populações, na certeza de que é esse o caminho certo para derrotar definitivamente o atual governo, romper com o programa de agressão, acabar com a política de direita e construir uma política alternativa, de Esquerda e Soberana.

Fonte: Resistir.Info