Snowden denuncia cumplicidade entre segurança alemã e os EUA

As agências de inteligência estadunidenses e alemãs trabalham em cumplicidade e conivência, afirmou o ex-agente de segurança norte-americano Edward Snowden, que recentemente revelou um programa de Washington para espionar milhões de pessoas através da Internet e do telefone.

Em uma entrevista com a revista alemã Spiegel, Snowden descreveu a proximidade entre a inteligência de ambos os países e explicou que, na Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) dos Estados Unidos, existe um departamento independente chamado Direção de Assuntos Exteriores, no qual se organiza a cooperação com suas correspondentes de outras nações.

Daí que a colaboração entre a NSA e o Serviço Federal de Inteligência seja, na realidade, bem mais intensa do que anteriormente informado, assinalou, pois, por exemplo, a primeira oferece à segunda ferramentas analíticas para espionar o fluxo de dados telefônicos e eletrônicos executados através da Alemanha.

Estas revelações põem em dúvida a atitude de assombro e preocupação assumida pelas autoridades alemãs nestas últimas semanas, quando as denúncias de Snowden sacudiram o mundo.

Neste sentido, a chanceler federal, Ángela Merkel, mostrou-se consternada pelas informações da espionagem norte-americana a entidades da União Europeia (UE) e manifestou que isso trará consequências para as negociações econômicas entre ambas as instâncias.

Por outro lado, durante a entrevista Snowden abordou os planos estadunidenses dirigidos a construir um centro de armazenamento de metadados (informações que permitem conhecer como, quando e com quem uma pessoa se comunica).

Dado que é muito difícil conservar todo o volume de informação interceptada, incluindo o conteúdo dos telefonemas e mensagens eletrônicas, é mais factível armazenar os metadados.

"A maioria dos metadados são mais válidos que o conteúdo da comunicação, pois na maioria dos casos, com eles pode ser restaurado o conteúdo. Os metadados informam o que, de fato, é necessário saber de todo o fluxo de dados", explicou o ex-funcionário da NSA.

As novas revelações de Snowden acontecem enquanto ele permanece em um aeroporto de Moscou, e Washington o persegue e acusa de ser um espião, além de pedir sua extradição imediata.

Prensa Latina