Juros aumentam de novo; “não é remédio, é veneno”, diz CTB 

 Pela terceira vez seguida, o Banco Central (BC) reajustou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 8,5% ao ano. "O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", justificou o Copom em comunicado.

Em abril, o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos juros básicos, depois de quase dois anos sem aumento, e elevou a Selic para 7,5% ao ano. Desde agosto de 2011, a taxa vinha sendo reduzida sucessivamente até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012, o menor nível da história. A Selic foi mantida nesse nível até março deste ano.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, criticou a decisão do Banco Central em termos veementes. “O anúncio do aumento da taxa básica de juros ocorre num momento em que a economia brasileira passa por enormes dificuldades, com queda da produção e do emprego na indústria. É ilusão pensar que aumentar os juros resolve algo. O Banco Central não prescreveu remédio, mas veneno e em dose cavalar. Este veneno vai agravar a situação econômica, principalmente do ponto de vista dos trabalhadores, agrava os problemas sociais do país. A medida do Banco Central passa longe, muito longe dos interesses do povo e nacionais. É uma rendição à oligarquia financeira, que ainda dá as cartas na política macroeconômica do país”, disse o sindicalista que renovou o apelo para os trabalhadores lutarem contra essa orientação nefasta ao desenvolvimento nacional.

A taxa Selic é o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta estabelecida pela equipe econômica, segundo parâmetros irreais e que estão mais de acordo com o receituário conservador e neoliberal do que com os interesses da nação que quer desenvolvimento econômico e distribuição de renda. De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação corresponde a 4,5% (centro da meta), com margem de tolerância de dois pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).

O aumento da taxa Selic prejudica o crescimento da economia, que cresceu apenas 0,9% no ano passado e ainda está sob o efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito barato. De acordo com o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 2,34% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. A estimativa foi reduzida pela oitava semana seguida.

Usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), a taxa Selic serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o Banco Central contém o excesso de demanda, que se reflete no aumento de preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.

Redação do Vermelho, com Agência Brasil