Dilma defende que Mercosul adote "medidas" contra espionagem

Em reunião da Cúpula do Mercosul, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que o Mercosul deve adotar “medidas cabíveis” para evitar a repetição de casos de espionagem. A presidenta fez ainda a defesa do presidente da Bolívia, Evo Morales que teve o sobrevoo recusado por países europeus por causa da suspeita de que o norte-americano Edward Snowden, que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos estive a bordo.

 “Mais que manifestações, devemos também adotar medidas cabíveis pertinentes para coibir a repetição de situações como essas”, disse a presidenta.

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De acordo com a presidenta, a privacidade das comunicações dos cidadãos e das empresas devem ser preservadas. “Isso fere nossa soberania e atinge os direitos individuais inalienáveis de nossa população. Defendemos que a soberania, a segurança de nossos países, a privacidade de nossas comunicações, a privacidade de nossos cidadãos e de nossas empresas devem ser preservadas. E esse é o momento de demarcar um limite para o Mercosul”, disse.

"O governo e o povo brasileiro não transigem com sua soberania, como eu tenho certeza que os governos e os povos do Mercosul não transigem com a deles, por isso, saúdo a decisão de rechaço tomada pelo Mercosul para todas as questões relativas ao ferimento tanto da nossa soberania quanto ao direito individual de nossos povos", acrescentou.

Caso Morales

A presidenta falou ainda sobre o incidente ocorrido com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que ofendeu todos os países da América Latina. Ela defendeu que a solidariedade das nações da região a Morales deve se refletir “em atos concretos e efetivos”.

“Essa região não pode deixar de manifestar o mais integral repúdio ao tratamento dispensado a um de nossos presidentes por países europeus. Cada um de nós tem que defender essa posição de repúdio, não só por causa do presidente Evo Morales, mas porque uma parte de cada um de nós, presidentes latino-americanos, foi ofendida e foi de fato agredida por esse ato”, disse, ao participar da Cúpula do Mercosul, na capital uruguaia.

No início do mês, Morales foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de Portugal, da Espanha, França e Itália por causa da suspeita de que o norte-americano Edward Snowden, que prestava serviços à Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, estaria a bordo do avião do presidente boliviano. Snowden é procurado pelo governo norte-americano após ter revelado monitoramento de dados de cidadãos – norte-americanos e estrangeiros – pelos Estados Unidos.

A presidenta também apoiou a decisão do Mercosul sobre direito ao asilo. “Tenho certeza que devemos valorizar o Mercosul, pois diante dos momentos de expansão, quanto de crise, o Mercosul é o melhor caminho para o fortalecimento de nossos países, desenvolvimento de nossas economias e afirmação da cidadania de nossos países”, disse, sem mencionar a questão envolvendo Snowden.

O consultor de informática Edward Snowden, que denunciou o esquema de espionagem dos Estados Unidos na internet, pediu asilo político a vários países. Ele disse nesta sexta-feira (12) que quer permanecer, temporariamente, na Rússia até conseguir ir para América Latina. A Venezuela é uma das nações que ofereceu asilo ao norte-americano.

A presidenta também comentou sobre o retorno do Paraguai ao Mercosul, que ocorrerá em agosto após a posse do presidente eleito, Horacio Cartes. O país, um dos fundadores do grupo, foi suspenso depois do impeachment do então presidente Fernando Lugo ter ocorrido em um prazo de 48 horas, o que foi criticado e contestado pelos integrantes do Mercosul.

Os paraguaios pressionaram para que fossem reincorporados ao grupo regional antes e criticaram que a Venezuela tenha assumido a presidência temporária do bloco. Os venezuelanos, que se tornaram membros do Mercosul há um ano, assumiram hoje a presidência pro tempore.

De acordo com Dilma, a suspensão do Paraguai não foi uma retaliação e os países têm atuado para assegurar o retorno dos paraguaios. “Quero aqui registrar e constatar um fato que mostra a maturidade política e econômica do Mercosul. Nós jamais tivemos atitudes de retaliação ao povo ou ao governo paraguaio. Tomamos uma atitude política e isso se constata pela ampliação das relações comerciais e econômicas do Paraguai com o Mercosul nesse período”.

“Isso marca uma distinção entre a forma de tratar as divergências no seio do Mercosul e a forma que impera em outras partes do mundo”, acrescentou.

Fonte: Agência Brasil
*Matéria atualizada às 18h15 para acréscimo de informações.