Israel e Palestina: Governos discutem as negociações internamente

O presidente palestino Mahmoud Abbas discute com a liderança da Autoridade Palestina, nesta quinta-feira (18), o retorno à mesa de negociações com Israel. Já o presidente israelense Shimon Peres urgiu a União Europeia a não publicar suas novas diretrizes contra o apoio financeiro a projetos realizados nas colônias israelenses em territórios palestinos, já que a medida “prejudicaria” a retomada do processo de paz, já “no alcance devido aos esforços do secretário de Estado dos EUA, John Kerry”.

Kerry Erekat e Abbas em Amã - AP / Haaretz

“Das últimas informações que recebi, Kerry foi bem-sucedido na promoção das chances de abrir as negociações”, disse Peres. “Os próximos dias serão críticos, mas estão dentro do alcance. Acredito que o esforço enorme está se mostrando frutífero do lado israelense e do palestino. Ambos estão fazendo esforços extremos para ultrapassar os últimos obstáculos”.

Um dos princípios fundamentais postos sobre a mesa para a retomada das negociações, e que representam posturas irredutíveis de ambos os lados, é que se parta de premissas como o reconhecimento das fronteiras pré-1967 (como definidas antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou vastas porções de territórios árabes) e de Israel como Estado judeu, o que tem sido rechaçado pelo impacto que traria aos palestinos que vivem em territórios hoje israelenses.

 

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Nesta quarta (17) e quinta (18), Kerry tem mantido reuniões extensas com o presidente Abbas e com uma delegação de nove ministros da Liga Árabe, que tem buscado um papel mais ativo nas mediações, ainda que com algumas medidas que não encontram consenso entre os palestinos, como o princípio de “territórios [alguns dos ocupados pelos israelenses por alguns dos reivindicados pelos palestinos] em troca de paz”.

Os nove ministros da Liga Árabe, na conclusão das reuniões, deram ao presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas o seu completo apoio para o retorno às mesas de negociações, além de terem saudado os esforços de Kerry.

Abbas está realizando uma reunião especial com a liderança palestina desde as 15h00 (08h00 pelo horário de Brasília), nesta quinta (18), para decidir se retomará as negociações com Israel.

Em declarações à mídia, Peres pediu à UE que reconsidere a publicação das suas “sanções” (como denominada pelo jornal israelense Ha’aretz a Notificação da Comissão Europeia contra o apoio financeiro a projetos realizados em colônias israelenses situadas em territórios palestinos) devido ao que percebe como “progresso”.

“Façam da paz uma prioridade”, disse. “Não avancem com sanções irresponsáveis que sabotarão as negociações de paz”, completou, referindo-se a uma medida que os palestinos consideram devida há muito, ainda que incompleta, pelos “parceiros” europeus de Israel.

Por outro lado, também nesta quinta, a líder da oposição no Parlamento (Knesset) e presidente do Partido Trabalhista Shelly Yacimovich enviou uma carta ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pedindo que considere a medida da UE um “ímpeto para renovar as negociações imediatamente”.

“O documento da UE é uma lembrança dolorosa das ameaças estratégicas, de segurança nacional e econômicas vinculadas a um congelamento do processo de paz”, escreveu Shelly a Netanyahu. E define, de forma incisiva:

“Seria fugir da responsabilidade e uma falta de liderança continuar passivamente respondendo aos eventos ao invés de inicia-los. A conclusão presente precisa ser inequívoca: uma entrada imediata nas negociações de paz com os palestinos com a intenção real de alcançar um acordo”.

A líder da oposição também prometeu ao premiê que o Partido Trabalhista daria seu apoio firme aos seus esforços pelas negociações de paz, mesmo que elas lhe causassem dificuldades políticas com outros grupos.

Com informações do Ha'artez,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho