O discurso do medo está de volta

 Por Ana Flávia Marx*

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Não é todo mundo que tem estômago para ler os editorais dos jornalões e é verdade que as palavras de William Waack dói os ouvidos, mas se a grande imprensa faz parte do sistema das forças conservadoras temos que, infelizmente, desmascarar a sua tática golpista que pode ser classificada como Sindicato da Mentira, como dizia o jornalista Samuel Wainer.

O editorial do Estado de S. Paulo, de ontem (17), “A crise maior é de confiança”, o mesmo espaço que Eugênio Bucci disse que serve para orientar a política brasileira, insiste na tática usada por Regina Duarte em tempos não tão distante assim. O medo volta ser usado como forma de assustar a sociedade.

No jornal da noite da Rede Globo, o âncora Willian Wacke, abriu o noticiário evidenciando o alinhamento, ao repetir que a “maior crise é de confiança”.

Por isso, a grande imprensa insistiu em mostrar o “caos, o vandalismo, a arruaça” como eles mesmo dizem para mostrar que o país está sem controle e instituir a política do medo.

Para a grande mídia a falta de confiança no governo e o mau humor do brasileiro são os dois principais problemas a serem enfrentados. É a velha forma: menos confiança, mais mau humor, é igual a medo, terror.

Antes o medo era que a esquerda chegasse ao poder e obrigasse a quem tem duas casas a doar uma para alguém pobre. E hoje? Qual é o real medo mesmo?

A sociedade brasileira não é a mesma que estava esgotada pelo ápice do neoliberalismo e toda sua sanha que culminou na crise que foi deflagrada em 2008, mas que atinge todos os povos nos dias atuais, em que a saída são medidas de austeridades, desemprego, miséria e até suicídio.

O essencial não é escrito e nem falado na grande mídia, que a essência de suas ideias é a política que afundou o mundo nesse cenário e que por isso, a guerra ideológica está acirrada e quando essa guerra cessa é porque outra irá começar, a guerra armada.

É disso que temos medo.

*É jornalista, secretária municipal de comunicação do PCdoB-SP, pós graduanda da Escola de Comunicação e Arte da USP e  do núcleo estadual Barão de Itararé.