Movimentos de moradia ocupam Prefeitura de Belo Horizonte

Mais de 100 pessoas ocupam a sede da Prefeitura de Belo Horizonte, centro da capital, desde a manhã desta segunda-feira (29). Os manifestantes exigem uma reunião com o prefeito Márcio Lacerda para discutir a regularização de diversas áreas públicas e particulares que abrigam mais de cinco mil famílias.  

Por Mariana Viel, da redação do Vermelho

A ocupação é liderada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e Brigadas Populares. Em entrevista ao Portal Vermelho, o coordenador do MLB, Leonardo Péricles, explicou que a ocupação à sede do Executivo municipal aconteceu após uma série de tentativas frustradas de negociação com o prefeito. “Belo Horizonte não tem uma política habitacional organizada. O déficit habitacional da cidade é de 120 mil famílias”. 

Eles reivindicam a regularização das ocupações Eliana Silva, Camilo Torres e Irmã Dorothy, Zilah Spósito, Dandara — concentradas na região dos bairros Barreiro e Pampulha. O grupo quer que as áreas — reivindicadas na Justiça pelo município e algumas já com mandado de reintegração de posse, pelo estado e por empresas privadas — tenham o fornecimento de água, luz e esgoto e serviços de saúde, educação e Correios.

O vereador Gilson Reis (PCdoB-BH) afirma que a Prefeitura de Belo Horizonte ainda não “encapou de forma definitiva o Programa Minha Casa, Minha Vida. Temos algumas ocupações que já têm mais de sete anos e o prefeito não negocia com essas famílias”.

Cerca de 400 pessoas permanecem do lado fora da Prefeitura em apoio à ocupação. Para protestar contra a proibição da entrada de alimentos, o grupo se posicionou na Avenida Afonso Pena na noite desta segunda (29), bloqueando o trânsito. O vereador comunista explica que participou das negociações. “Eles ficaram mais 12 horas sem comida. Fomos para a porta e conseguimos por volta das 23 horas que eles tivessem acesso a água e alimentação”. Uma mulher que estava dentro da Prefeitura precisou amamentar o filho pela grade, diante da recusa das forças de segurança municipais para que o bebê recebesse autorização para entrar no local.

“Estamos tentando intermediar o diálogo, mas o prefeito não tem negociado. Estamos presentes no processo, mas o prefeito sumiu ontem e o contato foi feito apenas com secretários. Estamos em contato direto com os movimentos. Há a sinalização do diálogo na tarde de hoje [terça-feira], mas ainda não há nada confirmado”.

O coordenador do MLB disse que os manifestantes irão permanecer na sede do Executivo municipal até que o diálogo com o prefeito seja consolidado. Segundo Leonardo, o clima dentro do prédio é tenso. “Cerca de 40 Guardas Municipais permanecem aqui dentro. O Batalhão de Choque, não está tão próximo, mas também está dentro da Prefeitura. Estamos exatamente no gabinete do prefeito”.

Segundo a assessoria de Comunicação Social da Prefeitura, Márcio Lacerda sinalizou no começo da manhã desta terça (29) a possibilidade de se reunir com representantes dos manifestantes. Detalhes do encontro devem ser acertados com os manifestantes em um encontro ainda pela manhã.