Partidos de esquerda e entidades se unem por mudanças estruturais

Uma reunião realizada nesta segunda-feira (29) entre partidos de esquerda e organizações do movimento social do estado do Rio de Janeiro debateu a construção de uma pauta unitária que possa ser transformada em ação política concreta.

Em meio a uma conjuntura de grandes ações de rua, o fórum — composto pelo PCdoB, PSB e PT — foi proposto pelos partidos da esquerda e encaminhado para a ampliação e adesão de entidades dos movimentos sociais e populares que dialogam com a perspectiva política da esquerda consciente.

O presidente estadual do PCdoB no Rio de Janeiro, João Batista Lemos, iniciou a reunião salientando que esse é um espaço para que as forças políticas e entidades articuladas possam somar forças, pensar juntos e avaliar o que é possível construir de forma unificada — lembrando das grandes mobilizações de junho: "As ruas levantaram várias bandeiras, algumas das quais já vínhamos lutando, mas que agora vieram com muita força, como a questão do transporte público, da saúde e educação. Através desse fórum veremos a possibilidade de construir um bloco em que possamos unificar e trabalhar bandeiras para colocá-las em movimento".

Batista ainda salientou que a proposta do encontro com os movimentos sociais objetiva dar consequência às bandeiras levantas pelas ruas. “Construirmos uma agenda comum e unir os partidos aos movimentos sociais para fortalecer nossa perspectiva política, e para a construção unitária de bandeiras".

O presidente estadual do PT, Florêncio Lima, declarou: "Esse Fórum tem uma papel importantíssimo, o papel de ir além dos partidos e entidades, pois quando se unifica partidos e entidades, se ultrapassa o senso comum, amplia a democracia".

O secretário estadual de organização do PSB, Moisés, que representou o partido na reunião ressaltou a questão da unidade. "A unidade das forças progressista vem desde 1989. Esse espaço que estamos construindo é um aprofundamento de unificação, aprofundamento político do campo popular. O PSB acha fundamental a construção dessa unidade para os avanços do Brasil".

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também contribuiu para o fortalecimento do fórum: "Precisamos nos acertar na política e ser criativos na forma, buscando aliados para isso. A unidade é fundamental, a unificação de uma plataforma nesse campo é fundamental, e acredito que os dois pilares da democratização dos meios de comunicação e da reforma política devem ser centrais. Devemos fazer a ligação entre partidos e entidades, mas também com figuras progressistas importantes. Precisamos apontar a visão da esquerda, a visão da classe trabalhadora e popular".

Ronaldo Leite, presidente estadual da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também frisou a importância da unidade. "A construção desse fórum permite ampliar a construção de uma forte unidade em torno das bandeiras de luta que podem aprofundar mudanças sociais, bem como a construção de uma plataforma que avance nas questões fundamentais do Rio de Janeiro. Para a CTB essa unidade é fundamental", finalizou o líder sindical.

"Acho que avançamos bastante construindo uma unidade. Temos que avançar muito mais nas questões que tocam a vida dos trabalhadores, questões como a mobilidade urbana, a questão fundamental da saúde e da educação. Precisamos lutar para melhorar profundamente a qualidade de vida de nossa população”, disse Indalécio W — que representou a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

O representante do Movimento Sem Terra (MST), Joaquim Piñero salientou: "A construção desse espaço unitário é fundamental, pois se abre mais um espaço de discussão e de construção das bandeiras de luta. Esse Fórum é um espaço fértil para semearmos propostas e encaminhamentos da esquerda para mudanças profundas em nosso país, que pode trazer um reascenso das massas de lutas populares".

Representando a União da Juventude Socialista (UJS), Daniel Iliescu, fortaleceu a reunião. "Essa iniciativa de reunirmos esse fórum é fundamental. Existe um sentimento de afinidade muito grande do nosso campo com as ruas, mas ao mesmo tempo nosso campo também é cobrado nas ruas; precisamos vencer essa ambiguidade. Nós estamos misturados em toda essa massa mobilizada. Não só nossas bandeiras de luta, mas também nossa perspectiva política deve estar para além do governo, temos que ter claro isso entre nós. Precisamos coesionar o nosso campo, que muitas vezes não age de forma coesa. Nós temos a responsabilidade de criar um instrumento amplo e profundo", finalizou o líder estudantil no Rio de Janeiro.

A presidenta da Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (Famerj), Márcia Vera, também marcou presença na reunião e saudou a iniciativa unitária e lembrou da importância da presença nas ruas. "Estou muito feliz por estarmos reunidos aqui hoje somando forças, pois sozinhos somos muito mais fracos. Temos que ter a consciência que o movimento popular trabalha com a base, e nós temos que fazer nossa auto crítica nas ruas. Precisamos unificar as forças, ir ás bases, aos municípios. Esse espaço que estamos construindo é fundamental, nós temos a possibilidade de unificar os movimentos progressistas junto ao povo. É hora de irmos para as ruas, pois o grito está nas ruas".

O líder comunista João Batista Lemos finalizou a reunião com propostas de encaminhamento, frisando: "Ficou evidente a unanimidade na necessidade de construção deste fórum e a necessidade de unificarmos um plataforma que vá além da disputa eleitoral em 2014, que construa reformas estruturantes. Nesse sentido que já temos pontos de consenso, como a democratização dos meios de comunicação e a luta pelo financiamento público de campanha".

Ainda houve o encaminhamento da criação de uma Comissão dentro do fórum, que levou em conta o campo político e social das representações. Essa Comissão será composta por representante do PCdoB, PT, PSB; PDT; além do MST, Famerj, UEE-RJ, CUT, CTB, Consulta Popular e União Nacional por Moradia (UNM). Essa Comissão ficou encarregada de pensar um jornal, a criação de blogs, páginas nas redes sociais, e de apoiar a construir agendas de rua e unificar as bandeiras.

Também foi encaminhada, inicialmente, a realização de uma plenária de entidades e personalidades e a possibilidade de construir uma assembleia popular de massas.

Da redação do Vermelho-RJ