Presidente do COREN-RJ: "O Lugar dos Enfermeiros" 

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (COREN-RJ), Pedro de Jesus Silva, escreveu um artigo publicado no jornal O Globo na edição desta quarta-feira (31) Confira o texto na íntegra:

Pedro De Jesus Silva, presidente do COREN-RJ

 O Lugar dos Enfermeiros

Todos os jogadores de um time de futebol – ou de qualquer outro esporte praticado em equipe – são de importância vital para bem se jogar uma partida. Se este time estiver tecnicamente preparado e harmonicamente entrosado, a vitória é a consequência natural. Mas, quando o grupo se desarmoniza e seus membros passam a se atacar, nada funciona. Pior se o conjunto em conflito é o responsável pelo atendimento à saúde da população.

Os últimos acontecimentos envolvendo a medicina no Brasil têm gerado estranhezas por parte de alguns elementos desta categoria, incluindo agressões na mídia e provocações pelas redes sociais: autoridades médicas tentam desqualificar a enfermagem, classe profissional que atua em conjunto com o médico nas equipes multidisciplinares da saúde. Como num arriscado jogo da medicina versus a enfermagem, onde quem perde de goleada é o usuário do SUS.

As reações exacerbadas são fruto dos vetos da presidenta da República à Lei do Ato Médico. Os pontos retiram a exclusividade do médico em exercer as atribuições de outras carreiras da saúde, e ainda o coloca em pé de igualdade aos outros profissionais da equipe, na hierarquia dos serviços de saúde. Assim, tanto o médico quanto o enfermeiro (ou outros profissionais habilitados) podem chefiar a equipe.

Os ataques irresponsáveis à enfermagem confundem a população, especialmente quando autoridades médicas fazem denúncias descabidas e avalizam informações erradas, como as transmitidas em programas popularescos de televisão. É a ciência dando corda à ignorância pela via equivocada do senso comum.

A população merece saber que os profissionais da enfermagem realizam uma série de procedimentos com competência e devidamente amparados amparadas pela Lei 7498/1986, pelos protocolos do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde, e ainda por resolução da Anvisa. Entre outras, são sim atribuições da enfermagem a assistência no pré-natal e o parto natural sem riscos (distocias), e a prescrição de medicamentos em programas de saúde pública.

A enfermagem não quer e não precisa ocupar o lugar dos médicos: a classe já tem muito que fazer.

*Pedro de Jesus Silva é presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (COREN-RJ).