3° Congresso da CTB-DF: luta por avanços marcou debates
A primeira parte do 3º Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), no Distrito Federal neste último fim de semana, foi marcada por intenso debate sobre a necessidade de ação conjunta e permanente da classe trabalhadora, por meio da luta sindical, por mais direitos e mais cidadania.
Publicado 30/07/2013 07:42 | Editado 04/03/2020 16:39
Fizeram parte da mesa de abertura o presidente da direção que ora finda da CTB-DF, Moysés Leme; o ex-presidente da CTB-BA e futuro presidente CTB nacional, Adilson Araújo; a secretária de Estado da Mulher do DF, Olgamir Amancia; o presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB-DF), Augusto Madeira; o presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Marcos Dantas; a coordenadora geral da União Brasileira de Mulheres (UBM-DF), Lúcia Bessa; e a presidente da Unegro-DF, Santa Alves.
A mesa de abertura do Congresso foi presidida por Moysés Leme. Pelo SAEP participaram o presidente, Mário Lacerda, e os diretores Daniel de Jesus, Danilo Vasconcelos do Nascimento, Jane Aparecida Fernandes da Guarda, José Fernandes da Silva e Josué Bispo dos Santos.
Poder às mulheres –
A secretária de Estado da Mulher do DF disse que para se alcançar uma sociedade melhor é preciso que a mulher seja tratada e reconhecida como sujeito e ocupe os espaços de decisões e de poder.
“Para nós mulheres, estes avanços implicam necessariamente no reconhecimento para que a sociedade se torne verdadeiramente democrática, que os espaços de poder também sejam ocupados por mulheres. Avançamos, mas, continuamos sendo minoria nos espaços de poder, nos espaços de decisão deste país”, destacou Olgamir Amância.
A coordenadora geral da UBM também defendeu maior espaço para as mulheres na sociedade. “Falar de empoderamento da mulher e não falar em inserção das mulheres, ou reinserção no mercado de trabalho, de forma justa e igualitária, é uma falácia. E a UBM é um instrumento de luta emancipatória, pela valorização e pelo empoderamento das mulheres”, disse Lúcia Bessa.
A secretária da Mulher também criticou a falta de espaço nos sindicatos para as mulheres. “Os sindicatos ainda reproduzem essa lógica machista. Embora sejamos maioria na base, não estamos nos espaços de decisão.”
Sobre as manifestações que tem acontecido em várias regiões do Brasil, para a secretária, estes protestos evidenciam que houve substantivos avanços, mas é preciso mais investimentos em políticas públicas.
“Já avançamos muito no nosso país. A gente compreende que uma população que tinha seus direitos negados historicamente, ela passa a ter mais clareza sobre a sua condição de cidadania e por isto reivindica mais. É nesse contexto que as mulheres se colocam como estrutura para esta caminhada. Os trabalhadores e as trabalhadoras são chamados para esse debate e para lutar para que estas reformas se ampliem”, afirma Olgamir.
Mudanças macro –
Para o futuro presidente nacional da CTB, neste momento, é preciso, principalmente, contribuir com uma mudança macroeconômica. “Num congresso como esse precisamos ter um olhar criterioso sobre a conjuntura. Nós estamos diante de uma grave crise econômica mundial e é bom que a gente possa tirar lições desse momento. Nós acumulamos força, empoderamos a nossa militância. E é a história do movimento sindical brasileiro que propiciou esse novo horizonte”, ressaltou Adilson Araújo.
O dirigente também chamou atenção para o trabalho do movimento sindical. “O movimento sindical tem muita responsabilidade. Hoje, mais que nunca, o movimento sindical prepara seu time para atuar de forma qualificada na luta social, mas ele também prepara muitos dirigentes sindicais para que ocupem posições estratégicos”, disse.
Neste sentido, afirmou Adilson Araújo, “o equilíbrio é a gente saber combinar luta social com a luta institucional”. “A bandeira que nós levamos para a rua, com certeza, vai demandar muito esforço”, disse o dirigente.
Novos desafios –
Ao analisar as manifestações de rua, Augusto Madeira, presidente do PCdoB-DF, disse que esse momento exige maior atenção dos movimentos sociais e sindicais.
“Vivemos uma era de instabilidade, de incertezas. Ganho de cidadania pede mais cidadania. Ganho de direito pede mais direitos. As pessoas que tiveram algumas demandas atendidas, agora têm outras demandas, por transporte público, saúde, educação. E o povo nas ruas mostra que o povo quer mais direitos, mais cidadania”, ressaltou.
Ainda sobre as manifestações, Madeira criticou a cobertura da imprensa. “Vimos claramente que a mídia tentou jogar as manifestações contra o governo. Entre as faixas mais vistas por aqui era ´Mídia fascista, sensacionalista´ e ´Fora rede Globo´, e isto a mídia não mostrou”, observou.
O presidente do Partido Comunista no DF também criticou o sistema eleitoral no país. “Vivemos um momento em que o voto é censitário. Se elege quem tem muito dinheiro. Vence quem tem mais dinheiro. Isto está certo? Temos que repensar isto”, alertou Madeira.
Momento para refletir –
Ao se pronunciar, o presidente do PSB, Marcos Dantas, ressaltou que é preciso ter foco no futuro, mas com a clareza de que é preciso ter avanços.
“A gente vive um momento de reflexão. Todos nós do movimento sindical vivemos, recentemente, um movimento histórico no nosso país. O movimento das ruas faz com que a gente reflita tudo que a gente tem feito; todas as nossas práticas na política e toda a nossa movimentação na prática sindical. A gente não pode olhar daqui para frente com olhos do passado”, disse Dantas.
E acrescentou: “A gente está aqui para apoiar, mais uma vez, tudo aquilo que a nossa central tem defendido e lutado. Como as 40 horas semanais, pelo fim do fator previdenciário, contra o projeto da terceirização, que é mais uma manobra dos poderosos, enfim. Estamos aqui com essa perspectiva.”
Movimento negro –
A presidente da Unegro-DF informou que 2013 é o início da década dos povos afrodescendentes e destacou as várias conquistas do movimento negro no Brasil.
“Nos últimos 10 anos tivemos muitas conquistas, como o Decreto dos Quilombolas e a Lei das Cotas. Isso foi resultado da luta do movimento negro no Brasil com os movimentos sociais”, informou Santa Alves.
Após as exposições, uma nova mesa de trabalho foi formada para apresentar e debater as teses do documento-base que serão encaminhadas para o Congresso Nacional da CTB, que acontece de 22 a 24 de agosto, em São Paulo.
Nesta etapa, os trabalhos foram coordenados pelo presidente do SAEP, Mário Lacerda, e pela professora Valesca Leão.