Itália assiste à decisão sobre o recurso de Silvio Berlusconi

O Supremo Tribunal italiano adiou para a tarde desta quinta-feira (1º/8) a leitura do acórdão relativo ao recurso de Silvio Berlusconi da sentença que o condenou a quatro anos de prisão e cinco de interdição do exercício de cargos públicos, sob a acusação de fraude fiscal, no processo Mediaset. A confirmação da sentença implicará a sua retirada da cena política.

Itália julga Berlusconi - Andreas Solare / AFP

O tribunal está sob pressão porque o processo foi transformado em um "assunto de Estado", e seu desfecho pode abrir uma crise política.

Ao longo de 24 anos, o Cavaliere foi alvo de 18 processos, mas nunca condenado definitivamente, graças à prescrição dos delitos, a anistias e indultos, tendo sido absolvido em outros casos.

Neste momento, além do caso Mediaset, em que foi condenado em primeira e segunda instâncias, está condenado em primeira instância a sete anos de prisão no "caso Ruby" (prostituição de menores) e no caso Nastri Unipol.

Decorre ainda a instrução de um processo de corrupção por "compra e venda de senadores". A sua entrada na política, em 1994, aliás, está relacionada com a alegada "perseguição judicial" que denuncia.
O seu novo advogado, Franco Coppi, um jurista prestigiado que defendeu Giulio Andreotti no processo em que foi acusado de colaboração com a Máfia, recusou o recurso a expedientes dilatórios e põe em causa os "preconceitos" e o rigor jurídico dos dois tribunais de Milão, apostando na absolvição. Convenceu o Cavaliere a moderar as suas palavras e a assumir um "perfil responsável".

A dramatização

Berlusconi tem nas suas mãos a "estabilidade política", ou seja, dispõe de um direito de vida ou morte sobre a coligação governamental. Esta situação deu lugar a uma extrema dramatização. Uma parte dos seus adeptos traça cenários apocalípticos em caso de condenação.

Por sua vez, o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) com quem está coligado, mostra algum pânico e "reza pela absolvição". Dificilmente poderá manter a coligação com um condenado por fraude fiscal, o que ameaça fazer cair o Governo e dilacerar o próprio PD, onde se trava uma azeda disputa pelo poder.

Seria tido como responsável por lançar o país em nova crise política. Por isso Berlusconi tem dito que não será ele a fazer cair o Governo. Resta saber o que dirá nesta sexta (2).

Há três cenários: a condenação, a absolvição ou a devolução do processo à Corte d'Appello (relação) de Milão para correção da sentença, uma solução de compromisso que pode levar a nova prescrição. Na terça (30/7), o Ministério Público pediu a redução da pena de interdição de cinco para três anos, alegando um erro dos tribunais de Milão.

Fervem as apostas. Na terça, os apostadores focavam na absolvição. Já na quarta, apostavam na condenação. A incógnita, com qualquer desfecho, é o "dia seguinte".

Fonte: Público