EUA fecham embaixadas e justificam espionagem com "ameaça"

Os Estados Unidos estenderam o período de encerramento das suas embaixadas no Oriente Médio e na África, neste domingo (4), e alegaram haver uma “ameaça terrorista iminente” da rede Al-Qaida, classificada pelos parlamentares estadunidenses e o Departamento de Estado norte-americano como “a mais séria em anos”. A ameaça não foi detalhada, mas foi usada também para justificar os programas de espionagem estadunidenses, que teriam detectado a iminência de ataques.

As citações foram feitas pela agência de notícias Reuters, segundo a qual o Departamento de Estado informou a extensão do encerramento de 19 embaixadas e consulados dos Estados Unidos para até o próximo sábado (10).

A medida foi descrita como “uma abundância de precaução”; incialmente, 21 postos diplomáticos dos Estados Unidos tinham sido encerrados por um dia, no domingo (4), mas alguns já foram reabertos nesta segunda-feira (5). São eles os de Cabul (capital afegã), Bagdá (Iraque) e Argel (Argélia).

Quatro novos postos diplomáticos na África (em Madagascar, Burundi, Ruanda e Mauritânia) foram adicionados à lista de encerramento nesta semana.

Além disso, na semana passada o Departamento de Estado norte-americano emitiu uma advertência global de viagem aos estadunidenses sobre a “possibilidade de a rede Al-Qaida estar planejando ataques em agosto”, principalmente no Oriente Médio e no norte africano.

“Há uma quantidade horrível de conversação lá fora”, disse o senador estadunidense Saxby Chambliss, o líder republicano no Comitê de Inteligência do Senado, no programa da emissora NBC “Meet the Press”.

Ele disse que “a conversação” (comunicações entre suspeitos de terrorismo sobre o planejamento de um possível ataque) era “muito remanescente do que vimos antes de 11 de Setembro”.

Um programa de vigilância da Agência Nacional de Segurança (NSA), que coleta eletronicamente comunicações telefônicas e e-mails (conhecidas como “interceptores”, segundo a Reuters, ou como “espionagem”, pelos países e cidadãos vigiados, em violação dos seus direitos privados e soberanos) “ajudou a recolher informações sobre a ameaça”, alegou Chambliss.

O programa mencionado pelo senador foi um dos revelados pelo ex-técnico terceirizado da NSA e da Agência Central de Inteligência (CIA), Edward Snowden, e condenado pelos países que foram alvo da espionagem realizada através deles.

Entretanto, o senador republicano alega que estes programas dão aos EUA “a habilidade de compilar essas conversações”, ou seja, comunicações privadas que ficam expostas à manipulação paranoica e de objetivos concretos de justificar a espionagem e as próprias ingerências estadunidenses em outros países, ou mesmo o controle dos seus cidadãos.

“Se não tivéssemos esses programas, então simplesmente não seríamos capazes de escutar [as conversas] dos vilões”, disse Chambliss, em tom simplista e manipulador para seguir alegando uma utilidade securitária do que não deixa de ser espionagem.

As forças militares dos Estados Unidos na região do Oriente Médio têm estado em um estado de alerta mais alto há dias, "por causa da ameaça", alegou um oficial estadunidense à agência Reuters, em condição de anonimato.

Segundo os Estados Unidos, a “ameaça”, todavia indefinida e sem maiores detalhes, também levou alguns países europeus a encerrarem as suas embaixadas no Iêmen, onde opera uma afiliada à rede Al-Qaida, “considerada uma das mais perigosas”, segundo a Reuters, Al-Qaida na Península Arábica.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho