Peru: Pressão contra projeto de gás provoca renúncia de ministros
A organização Survival International informa que pelo menos três ministros renunciaram no Peru, em meio a crescente pressão para aprovar um polêmico projeto de gás na Amazônia. A expansão do Projeto de gás de Camisea ameaça as vidas dos índios isolados que são altamente vulneráveis, como os Nanti.
Publicado 07/08/2013 13:12

O plano de expansão do atual projeto de gás da Camisea, que está dentro da reserva Nahua-Nanti para tribos isoladas, tem sido amplamente condenado, e em março último, a ONU pediu a sua ‘suspensão imediata’.
O Ministério da Cultura do Peru, encarregado de proteger os direitos dos povos indígenas, emitiu, na semana passada, um relatório indicando os perigos que o projeto colocaria para as vidas dos índios isolados. Entretanto o relatório desapareceu apenas algumas horas depois de ter sido publicado on-line, e tanto o ministro como o vice-ministro da Cultura deixaram o cargo.
Entre as preocupações apresentadas no relatório do Ministério, estão o risco de propagação de doenças entre os índios isolados, que não possuem imunidade para doenças comuns que podem ser trazidas por trabalhadores das companhias de petróleo e por forasteiros.
O projeto Camisea já levou à morte de cerca de metade dos Nahua depois que eles foram contatados pela primeira vez após as explorações petrolíferas iniciais na década de 1980. Os Nahua continuam a sofrer de graves problemas de saúde, como é comum entre índios de recente contato, e a expansão de Camisea cortará ainda mais fundo a sua floresta.
Em uma carta escrita para o Ministério da Cultura, no mês passado, os Nahua rejeitaram o plano de expansão, afirmando: "Nós decidimos não permitir que a companhia de petróleo Pluspetrol realize o seu trabalho no nosso território” devido às suas "repetidas quebras de promessa”.
Camisea é dirigida por um consórcio de empresas lideradas pela Pluspetrol da Argentina, pela Hunt Oil dos Estados Unidos e pela Repsol da Espanha. Os planos de expansão incluem a detonação de milhares de explosivos e a perfuração de mais de 20 poços.
O diretor da Survival International Stephen Corry afirma que "o governo do Peru parece ter sido apanhado em um tipo de "febre do gás”, em que o governo está determinado a avançar com a expansão do projeto de Camisea, apesar da oposição da ONU, e até mesmo de alguns de seus próprios ministros. Os cidadãos peruanos deveriam estar se perguntando "o que é mais importante – a vida dos índios ou os lucros estrangeiros?”
Fonte: Adital