Piñera pede "perdão" por erro em censo populacional no Chile

Depois da divulgação de um relatório denunciando que o último censo demográfico do Chile havia deixado de entrevistar 9,3% da população, o presidente Sebástian Piñera admitiu nesta quinta-feira (8) as falhas do processo e pediu “humildemente perdão a todos os chilenos por esses erros”. Ele havia dito que o levantamento, realizado em junho do ano passado, seria “o melhor da história do Chile”. 

Piñera pede desculpas por erro em censo populacional no Chile - Reuters

Em coletiva de imprensa realizada no Palácio de La Moneda hoje, Piñera declarou que “se for estritamente necessário, teremos que repetir o censo de 2012”. A três meses das eleições presidenciais, os graves erros já fizeram com que o chefe da comissão de estatísticas fosse demitido e que uma comissão de especialistas recomendassem que os dados não fossem usados em políticas públicas.

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A polêmica ocorre em meio a campanha presidencial em que a ex-presidente Michelle Bachelet aparece como candidata favorita. Ela inclusive já prometeu que, se for eleita em 17 de novembro, fará um censo completamente novo.

“O que importa é fazer um novo censo e o meu compromisso é levá-lo adiante se for eleita”, afirmou. “O que vou fazer é olhar as tarefas que tenho que fazer e reforçar as instituições relacionadas a elas. Não vou colocar a culpa em ninguém. Vou fazer o que tenho que fazer”, garantiu.

O presidente Piñera, por sua vez, assegurou que “o maior erro foi que cerca de 9% dos chilenos não foram devidamente censados. Todos os censos têm omissões, mas neste caso a omissão foi maior do que o recomendado”. Ele também anunciou que colocará urgência no projeto de lei que cria a nova institucionalidade do INE (Instituto Nacional de Estatística).

O chefe de Estado afirmou também que, quando ficou sabendo dos erros, sentiu “a mesma moléstia e a mesma indignação que milhares de chilenas e chilenos ao redor do país” e, por isso, pediu imediatamente a demissão do diretor do INE e a nomeação de um acadêmico para o cargo.

“Mas também ordenamos a formação de uma comissão de peritos para atuar com total independência e autonomia não para nos dizer o que queremos ouvir, mas para nos dizer exatamente a verdade”, acrescentou.

Francisco Labbé, ex-diretor do INE, foi acusado de “inchar” o número de habitantes do Chile de 15,8 milhões de pessoas para 17,4 milhões, com o objetivo de alcançar a taxa aceitável de 2% de omissão.

A nova comissão do INE tem como objetivo realizar um diagnóstico dos equívocos cometidos e propor um plano de ação para resolvê-los. O atual diretor da instituição, Juan Eduardo Coeymans, anunciou ontem (07) que os resultados dessa comissão serão submetidos a uma avaliação de especialistas internacionais, antes de decidir se se deve realizar ou não um novo censo.

Para Piñera, o Chile tem duas opções nesse momento: “melhorar os procedimentos e realizar as entrevistas com aquelas famílias não censadas ou, se for estritamente necessário, teremos que repeti-lo de forma abreviada”. Entretanto, ele lembrou que “essa decisão ainda não foi tomada”.

Fonte: Opera Mundi