Robert Johnson, a lenda do blues

O filme A Encruzilhada (Crossroads), de Walter Hill, que estreou em 1986, ajudou a difundir entre o grande público a lenda e a música de Robert Johnson, considerado por Eric Clapton como "o mais importante cantor de blues que já viveu". Em 16 de agosto fez 75 anos que ele deixou a vida.

Por José Carlos Ruy

Robert Johnson

Ele viveu só 27 anos de idade, deixou gravadas apenas 29 músicas, e se conhecem dele somente duas escassas fotografias. Suas gravações, precárias, foram feitas em duas sessões, uma em San Antonio e em Dallas (ambas no Texas), em 1936 e em 1937.

Foi o suficiente para alimentar uma das maiores lendas da história da música popular dos EUA e lhe deu um lugar entre os pais do blues e do rock and roll, que se firmou nos anos 1950 e 60 mas descende diretamente dele.

Robert Johnson nasceu e viveu num Mississippi ferozmente racista. Não se sabe ao certo quando veio ao mundo (fala-se em 1909 ou 1912), mas oficialmente a data foi fixada em 8 de maio de 1911. Era filho de uma família de lavradores negros e deixou a roça aos 16 anos, para tentar ganhar a vida tocando gaita e violão. Aos vinte anos de idade descobriu que podia fazer a guitarra chorar deslizando sobre suas cordas o gargalo de uma garrafa quebrada.

Era um grande guitarrista, cuja genialidade só foi igualada, na década de 1960, por outro negro audaz e igualmente exímio, Jimmi Hendrix.

Sua herança para o blues foi a forma de tocar a guitarra: ele padronizou pioneiramente o estilo, com mais técnica, o consagrado formato de doze compassos, e com o uso das cordas graves para criar um ritmo regular.

Entre os mitos que cercam sua história, um dos mais persistentes diz que Robert Johnson teria feito um pacto com o demônio para tornar-se um grande guitarrista. O local teria sido a encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi, onde se encontrou com o diabo em forma de um homem que – diz as lenda – afinou sua guitarra um tom abaixo, como Johnson tocou nas gravações que se conhecem. Este mito, difundido principalmente pelo cantor e guitarrista de blues Son House, ganhou ares de verdade força devido às letras de algumas de músicas como Crossroads Blues, Me and the Devil Blues, entre outras.

Sua maneira de tocar ajudou a alimentar o mito. Por exemplo, ele costumava se apresentava de costas para o público, e se dizia que fazia isso para que o público não descobrisse o olhar do diabo que surgia para auxiliá-lo. Entretanto, é mais provável que o truque fosse para que algum músico que estivesse na plateia não copiasse os acordes que inventava…

A carreira profissional de Robert Johnson foi curta, entre 1936 a 1938, tocando sobretudo em bordéis e bares populares. Mas foi o suficiente para ganhar, dos músicos que tocavam com ele, o título de The King of the Delta Blues Singers (O Rei dos cantores de blues do Delta).

Ele deixou de viver há 75 anos, em 16 de agosto de 1938, em circunstâncias pouco claras. A versão mais provável é a de que tenha sido envenenado com whisky misturado com estricnina, fornecido a ele pelo dono do bar "Tree Forks", em Greenwood (Mississippi), enciumado pelas cantadas que o músico dera em sua mulher.

As músicas de Robert Johnson

Crossroad

Kind Hearted Woman Blues

Me and the Devil Blues

Com informações da Robert Johnson Blues Foundation e da Wikipedia