Médicos cubanos desembarcam em Fortaleza

Um grupo de médicos cubanos que vai trabalhar no Brasil, por meio de acordo entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), dentro do programa Mais Médicos, desembarcou na tarde de domingo (25) em Fortaleza. O grupo foi recebido por manifestantes que endossaram apoio aos profissionais da saúde.

O voo fretado pelo governo cubano trouxe 194 médicos. Setenta e nove deles ficaram em Fortaleza e os demais seguiram para Salvador (BA) e Recife (PE). Os médicos ficarão hospedados em alojamentos do 23º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro enquanto durar o período de capacitação e a transferência para os municípios onde irão atuar.

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Capacitação

A partir da próxima terça-feira (27), os médicos passarão por uma capacitação por 21 dias sobre o funcionamento do sistema de saúde brasileiro, procedimentos legais, protocolos clínicos. Além disso, os médicos serão avaliados em língua portuguesa e atuação clínica. Após este procedimento inicial, haverá a definição das cidades – entre os estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, onde eles deverão estar lotados nas unidades básicas de saúde em 16 de setembro.

No Ceará, o acompanhamento do trabalho dos médicos será feito pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e Escola de Saúde Pública (ESP). O módulo de acolhimento e avaliação tem carga horária de 120 horas com aulas expositivas, oficinas e simulações de consultas e de casos complexos. Em Fortaleza, as aulas serão das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, na ESP-CE. Também haverá visitas técnicas aos serviços de saúde.

O Secretário de Gestão Estratégica do Ministério da Saúde, Odorico Monteiro, ratificou que os médicos estrangeiros que vierem trabalhar no Brasil, receberão um registro provisório do Conselho Regional de Medicina (CRM-CE). "Esses médicos trabalharão exclusivamente nas unidades de atenção básica de saúde. Isso significa que eles não vão poder realizar nenhum procedimento cirúrgico – mesmo que seja obstetrícia – aplicar anestesia e nem dar plantão em qualquer unidade de saúde, seja pública ou privada". Odorico Monteiro confirmou ainda que não haverá prova após as três semanas de aulas. “A avaliação será contínua. Até depois de já atuantes, eles continuarão sendo avaliados pelos professores”, destacou.

Opinião

O médico cubano Juan Hernandez afirmou que os colegas que chegaram ao Brasil são profissionais com experiência em saúde pública. ''Sempre trabalhamos com pessoas pobres. Viemos por solidariedade. Vai ser difícil no início, mas depois vai melhorando. O Governo deverá ajudar também. Nesses anos de Medicina, já trabalhei em vários países, como a Bolívia e a Venezuela. No Brasil, já estive em Sobral”, disse. Já a para a médica cubana Ivia Agrilena, essa é uma oportunidade de fazer o bem. "Sou médica há seis anos e também trabalhei na Venezuela. Nós queremos trabalhar com o coração".

Apoio

Mais de 80 pessoas representantes de diversas frentes de movimentos sociais organizados participaram de uma manifestação de apoio aos médicos cubanos no saguão do aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza. Com cartazes, faixas e palavras de ordem, a iniciativa teve como objetivo acolher os estrangeiros que chegaram para atender no Brasil.

“A emoção foi grande, tanto da parte deles, que não esperavam este recepção, quanto da nossa, que nos emocionamos com a disponibilidade deles em vir ajudar o nosso país”, disse Claudio Rodrigues, presidente do Conselho Estadual de Juventude e militante da União da Juventude Socialista (UJS). “A gente queria deixar claro que a opinião da população não é a mesma que a imprensa divulga. Apoiamos sim a chegada deles e eles são muito bem vindos”, reiterou.

"Acreditamos que a contribuição desses médicos irá melhorar a qualidade da saúde, porque, diferentemente dos médicos brasileiros, que viajam para o exterior somente para especializações, eles estão envolvidos em campanhas humanitárias", acrescentou a estudante Maria Lima.

Participaram da acolhida representantes da UNE, Conselho Estadual e Municipal de Juventude UBM, Sindicato dos Bancários, professores, MST, Casa Brasil-Cuba e outras entidades organizadas que apoiam o programa Mais Médicos.

Mais

Os 644 profissionais que vão atuar na primeira fase do Programa Mais Médicos desembarcaram no último final de semana em oito capitais brasileiras: Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza, onde terão aulas em universidades federais sobre saúde pública e língua portuguesa.

Este é o segundo grupo de cubanos a desembarcar no país neste fim de semana. No começo da tarde do último sábado (24/08), o primeiro grupo, com 206 profissionais, chegou ao Recife, em Pernambuco, em escala de voo com destino a Brasília (DF). Trinta deles ficaram na capital pernambucana e o restante seguiu para a capital federal. Com o desembarque deste domingo, o número de médicos cubanos que desembarcaram no Brasil soma 400 profissionais.

Na primeira etapa do convênio com Cuba, 400 profissionais virão para o Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Eles serão alocados em parte dos 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum dos profissionais brasileiros ou estrangeiros aprovados na primeira fase do programa Mais Médicos, destinado a levar profissionais de medicina para cidades carentes de assistência no interior do país. Desses 701 municípios, 84% estão nas regiões Norte e Nordeste.

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Dezenove municípios cearenses serão beneficiados nesta fase inicial do programa, que prevê a contratação de 106 médicos brasileiros e cinco estrangeiros para o Estado.

As prefeituras que receberão os profissionais serão responsáveis pela alimentação e moradia. Eles serão supervisionados por instituição de ensino e pelas secretarias estaduais e municipais de Saúde.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações das agências de notícias)