França busca aproximação com Brics e intervenção na Síria

O presidente François Hollande, da França, tem buscado aproximar-se dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e planeja uma visita ao Brasil até dezembro. Apesar de o presidente afirmar haver afinidades entre brasileiros e franceses, a recente elevação no tom intervencionista com relação à Síria é um ponto crucial de diferença entre a França e o Brasil. Nesta terça-feira (27), Hollande disse que seu país está pronto para intervir militarmente no país árabe.

Forças navais dos EUA no Mediterrâneo - Christopher Senenk/U.S. Navy/Getty

A viagem foi combinada em maio entre o presidente francês e a presidente Dilma Rousseff em maio, atendendo às expressões de Hollande pelo desejo de aproximação entre a França e o Brics, além do Japão.

Paralelamente, a França tem assumido a liderança em várias discussões internacionais, como o debate sobre o agravamento da crise na Síria. Hollande afirmou que o seu país está pronto para a intervenção militar iminente e para colaborar na “punição aos responsáveis” pelo uso de armas químicas.

A posição de Hollande é diametralmente oposta à assumida pelo Brasil. As autoridades brasileiras pedem cautela e investigações mais profundas para averiguar se houve o uso de armas químicas na Síria e, em caso afirmativo, que se busquem os responsáveis.

Em comunicado da semana passada, logo após as alegações sobre o uso de armas químicas feitas pelos grupos armados contra o Exército sírio, em ataques que teriam deixado 1.300 mortos, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) afirmou:

“O Brasil reitera sua posição de que não existe solução militar para o conflito e recorda seu apoio à convocação de conferência internacional sobre a situação síria. Somente um processo político inclusivo, liderado pelos próprios sírios, como preconizado no Comunicado do Grupo de Ação sobre a Síria, emitido em 2012, poderá levar à paz e à efetiva proteção da população civil naquele país”, ao mesmo tempo em que condena qualquer uso de armas químicas e reafirma a defesa da destruição desses recursos em todo o mundo.

Hollande, por outro lado, afirma ser “responsabilidade da comunidade internacional a proteção aos civis”, e dá à iminente intervenção militar um pretexto humanitário, frequentemente instrumentalizado para ações de agressão e ingerência como a prevista.

A crise na Síria foi deflagrada em março de 2011, e já matou mais de 100 mil pessoas, de acordo com a ONU. A proposta de intervenção militar é promovida pelos Estados Unidos, Reino Unido e França (ativamente envolvidos no apoio financeiro e militar aos grupos armados no confronto com as forças sírias), e conta com uma forte oposição da China e da Rússia.

Os cinco são os membros permanentes do Conselho de Segurança que, de acordo com a Carta das Nações Unidas, precisa apoiar o recurso à força militar para que a intervenção ocorra de forma legal. Entretanto, o histórico tem sido bastante diferente deste, e autoridades britânicas e estadunidenses não descartam a possibilidade de uma operação sem a permissão do conselho.

Com agências,
Da redação do Vermelho