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Cleusa Lima: Mulheres comunistas, mais ousadia, mais política

As definições de desigualdades existentes entre o gênero masculino e o gênero feminino são conhecidas e largamente discutidas, perpetuando-se desde a família patriarcal, que seriam as atribuições de cada sexo.
Por Cleusa Lima*

Desde o século 15 o trabalho feminino passou por transformações e a mulher vai adquirindo novas responsabilidades para além da esfera doméstica.

A conquista de direitos foi marcante no século 20, dentro das alterações macroeconômicas e sociais, que caracterizaram a evolução da sociedade contemporânea. Ao fazermos uma retrospectiva, constatamos que no caso das mulheres, as mudanças superaram diversas etapas e mesmo resistências, onde a mulher saiu do casulo familiar e entrou no mercado de trabalho, afastando-se do domínio patriarcal, procurando ocupar espaço, passando muitas vezes com o seu trabalho a ser mantenedora do lar, conferindo-se certa independência, e sem dúvida maior participação no meio social.

O processo histórico do gênero feminino passou por grandes lutas, em que a relativização de culturas e valores vai além do olhar feminino. Muitas pessoas juntam-se nesta caminhada, e através da união surgem movimentos sociais que ganham força em prol dos direitos e da igualdade nas relações de gênero.

As mulheres começaram a se organizar em prol de seus direitos, como qualquer outro grupo humano, lutando para vigorar a igualdade tanto no que diz respeito ao mundo político, bem como sua participação na prole da família.

Durante o processo de militâncias realizadas pelos movimentos feministas os movimentos das mulheres buscavam se expandir visando uma maior participação política, a igualdade de opiniões, bem como visualizar novos horizontes no qual a mulher possa estar na posição de sujeito das ações.

A Política Nacional para Mulheres, estabelecida pela Secretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres, apresenta como objetivo garantir às mulheres condições necessárias para continuar no pleno exercício da cidadania, com direitos sociais e autonomia, integração e efetiva participação na sociedade, conforme preconiza a Legislação Brasileira e a Declaração dos Direitos Humanos.

O ingresso da mulher na política deu uma visão e mudanças em determinados padrões, comportamentos e valores, delineando uma nova estrutura nos espaços políticos. Destaca-se que a política foi um reduto quase que exclusivo do homem, sendo assim a mulher tem uma experiência menor neste aspecto. Mas isso não garante que ela esteja livre dos preconceitos e das críticas que ainda subsiste em nosso meio. É possível saber que, homens e mulheres são submetidos às mais diversas formas de exploração e controle da força de trabalho.

É importante frisar que embora ainda predomine o sistema de dominação masculina, podem-se destacar na atualidade muitos casos em que a mulher encontra-se ocupando cargos públicos do auto escalão. Isso significa uma conquista relevante na medida em que a mulher sempre foi vista na sociedade com imagem de submissa e de inferioridade. A mulher precisa estar na politica em equidade de gênero, superando os estereótipos e suas manifestações consideradas como inadequadas e negligentes devido ao fato de não ficarem cuidado dos filhos em casa e querem assumir o papel que historicamente é do homem.

A mulher, no Brasil, tem procurado mostrar que faz a diferença nos espaços públicos, bem como sua representatividade na política e sua importância na atuação nesta área para a construção de novos projetos e olhares diferenciados. A participação feminina na política é sem dúvida ainda um processo em que as mulheres necessitam apresentar mais ousadia, sair dos espaços privados e se incluir nos espaços públicos.

Muitas mulheres acabam entrando em um jogo intrapartidário, pois somente assim elas passam a ter chances de engajamento político nas tomadas de decisões, bem como representar a população feminina, pois ainda existe muita discriminação pelos próprios colegas de partido, quando se refere ao poder exercido pelo gênero feminino.

A tarefa de mudar a mentalidade das pessoas, conscientizando-as de que as mulheres são seres com direitos iguais aos dos homens, tem sido árdua e acidentada, mas é com muita reflexão e trabalho que muito se tem conquistado para a mudança de paradigmas vivenciados ainda hoje.

A possibilidade de superação está na questão do poder, e só com muita iniciativa e vontade será possível respeitar os decretos sobre os direitos humanos se manifestamente sensíveis à violação dos direitos humanos das mulheres. È com igual iniciativa e vontade que será possível a criação de espaços, dentro e fora dos sistemas, em que as mulheres participem, de forma significativa, na formulação da agenda dos direitos humanos para o futuro.

*Cleusa Lima é Militante PCdoB Curitiba-PR.