Síria pede a Ocidente que mostre provas de suposto ataque químico

O presidente sírio, Bashar al-Assad, reiterou a negativa de que suas forças utilizaram armas químicas contra os opositores e chamou os Estados Unidos e França a mostrar uma só prova dessas acusações.

"Os que levantam as acusações devem mostrar evidências. Nós desafiamos os Estados Unidos e a França a apresentar uma só prova. (Barack) Obama e (François) Hollande foram incapazes de fazê-lo, inclusive diante de seus próprios povos", disse al-Assad em uma entrevista publicada nesta segunda-feira (2) em Paris.

Em suas declarações ao correspondente do jornal Le Figaro, al-Assad considerou absurdo que seu exército utilize armas de destruição em massa na mesma área na que opera e onde seus soldados foram feridos, como o constataram inspetores da ONU.

O presidente advertiu também sobre o risco de uma guerra regional caso Washington, Paris e outros aliados decidam uma agressão militar contra seu país.

"O Oriente Médio é um barril de pólvora. Ninguém pode saber que passaria. Todo mundo perderá o controle da situação quando o barril de pólvora explodir. O risco de uma guerra regional existe", disse o presidente.

Com respeito à França, al-Assad afirmou que o povo francês não é inimigo da Síria, mas a política seguida por seu Estado é hostil.

"Qualquer um que contribua financeira ou militarmente a reforçar os terroristas é um inimigo da Síria", disse.

O presidente advertiu que esta política terá repercussões negativas sobre os interesses franceses.

Nesta segunda-feira o premiê francês, Jean-Marc Ayrault, recebeu os líderes parlamentares, diante dos quais declarou que o objetivo de seu governo é continuar criando uma coalizão internacional para uma intervenção militar contra Damasco.

A "França está determinada a sancionar o uso de armas químicas por parte de Bashar al-Assad e a dissuadir a usá-las de novo com uma ação firme e proporcionada", disse Ayrault.

O premiê descartou a petição de parte da oposição de submeter a voto no Parlamento uma decisão de intervir na Síria, como ocorreu em Reino Unido e está previsto nos Estados Unidos.

"Na quarta-feira terá um debate sem votação, porque qualquer seja a hipótese a decisão final será tomada pelo presidente da República quando fique constituída uma coalizão internacional", afirmou Ayrault.

O presidente da conservadora União por um Movimento Popular, Jean-Francois Copé, pediu à França que não vá a reboque dos Estados Unidos nesta crise e advertiu sobre os riscos de uma aventura bélica.

Pesquisas publicadas em Paris indicam que 64% dos franceses são contrários a um ataque contra Damasco.

Fonte: Prensa Latina