Desfile, depredação e prisões no 7 de Setembro

O desfile oficial do Dia da Independência, com a presença da presidente Dilma Rousseff, transcorreu sem incidentes. Mas Brasília teve um 7 de Setembro tumultuado neste sábado, com confrontos entre polícia e manifestantes, depredações, feridos e prisões.

Desfile, depredação e prisões no 7 de Setembro

O dia terminou com 50 pessoas detidas, que, de acordo com a Secretaria de Segurança do Governo do Distrito Federal, já foram liberadas. Pelo menos 4 mil PMs foram colocados nas ruas.

Entre os locais que foram alvo da ação de alguns manifestantes estão um restaurante, um prédio comercial e uma concessionária de veículos, que tiveram vidraças estilhaçadas. Um funcionário do restaurante disse que ao todo, 18 vidraças foram quebradas. O local estava fechado na hora do protesto.

As manifestações começaram na Esplanada dos Ministérios, na parte da manhã. Um grupo, que protestava contra a corrupção, foi até o gramado do Congresso Nacional, mas foi impedido de invadi-lo.

No início da tarde, o grupo que estava no Congresso se juntou a outros que vinham de outros pontos da cidade e caminhou em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha, onde ocorreu amistoso das seleções de Brasil e Austrália. No trajeto, manifestantes depredaram estabelecimentos comerciais e carros e houve confronto com a polícia na região central de Brasília.

No Eixo Monumental, policiais militares se perfilaram para impedir a passagem dos manifestantes que tentavam chegar ao estádio. Houve conflito. Foram lançadas bombas de gás e spray de pimenta contra os manifestantes e repórteres. A polícia não usou balas de borracha. Os meios utilizados para dispersar manifestantes nos momentos de conflito no sábado foram jatos d´água, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e spray de pimenta.

“Sofri um ataque policial quando a situação entre a polícia e os manifestantes já havia sido controlada e num local onde só havia repórteres. Fui fotografar uma colega que tinha levado spray de pimenta no rosto e um outro policial jogou três jatos no meu rosto. Perdi o ar”, ressaltou a repórter fotográfica Monique Renne.

O fotógrafo Carlos Vieira foi atingido pelo veículo do BPChoque, que tem aparato especial montado no para-choques dianteiro para repelir aglomerações. “Estava fotografando toda a ação, quando o carro me atingiu na perna”, diz. Vieira também levou jato de spray de pimenta lançado de dentro de uma viatura do BPChoque e, abatido, foi ao chão. Já a fotógrafa Janine Morais foi atingida nos olhos pelo spray perto do Museu da República. O colega Breno Fortes levou um empurrão de um policial, assim como o repórter Arthur Paganini, também atingido por spray de pimenta.

Questionado pelo cinegrafista sobre a ação, o comandante do BPChoque, capitão Bruno Rocha, confirmou que agiu deliberadamente e ironizou a situação. “Sim, (usei o spray) porque eu quis. Pode ir lá (à Corregedoria da PMDF) denunciar.” O comando da OAB-DF considerou a “ação policial desastrada” e disse que os ataques sofridos pela imprensa devem ser apurados. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert, empresarial) manifestou repúdio à violência cometida contra profissionais de imprensa. “As agressões partiram tanto de policiais como de manifestantes, com a intenção de impedir o registro dos fatos pelos profissionais de imprensa”.