FMG promove debate com base nas teses do 13º Congresso do PCdoB

Com base nas teses do Caderno de Textos do PCdoB, que será discutido no 13º Congresso Nacional, em novembro, a Fundação Maurício Grabois realizou, nesta quinta-feira (05/09), o seminário Crise econômica e projeto nacional de desenvolvimento, na Faculdade de Administração da UFBA. Os debatedores convidados, Francisco Teixeira e Renildo Souza, falaram, respectivamente, sobre Desafios enfrentados pela indústria no Brasil e Cenário internacional, crise e reflexos na economia brasileira.

Teixeira fez uma breve explanação do histórico da indústria no país, ressaltando a queda na manufatura a partir de 2009, quando a crise financeira mundial se alastrou, o retrocesso de voltar a ser um país agrário, importador. Segundo ele, o Brasil vive um momento de desindustrialização precoce e essa condição atinge em cheio a economia, pois é o setor que mais gera emprego, mais qualificação e paga os melhores salários. Além disso, a luta pelo desenvolvimento sempre esteve atrelada ao crescimento da indústria manufatureira.

Outro problema salientado é que a indústria brasileira tem pouco valor agregado, com baixa remuneração e pouca oferta de empregos, pois detém-se à montagem final, grande importação de produtos-chave. O que desvaloriza a produção nacional. Para ele, o principal desafio para o professor é o governo qualificar a mão de obra através da educação. “Apesar das tentativas, as medidas não demonstraram ainda pleno resultado”.

O professor destacou ainda que, demograficamente, o país está ficando velho e, a partir de 2020, o número de pessoas economicamente ativas vai despencar, o que atinge diretamente a economia, pois impactam a Previdência Social. Ou seja, é preciso saber aproveitar os setores primários e encadeá-los com o de serviços, para que se possa traçar estratégias de crescimento.

Renildo, que ajudou a construir as teses do Partido Comunista, também fez breve relato da economia mundial, as diversas fases e como se modificou ao longo das décadas.
Segundo seu levantamento, nas últimas décadas, em especial na de 90, o cenário internacional ganhou mais importância para a economia mundial, por que se modificou bastante em curtos períodos e associou-se a questões políticas. “Tivemos a liberalização econômica, comercial e financeira e os problemas de um país acabava afetando outro. A cada ano, os estados passaram a ser atingidos mais fortemente”.
De acordo com o professor de Economia da UFBA, com o neoliberalismo, foi reduzido o espaço para política nacional de desenvolvimento, principalmente na América Latina, que sofreu bastante retrocesso, inclusive o Brasil, com a falta de política industrial. Assim, a competitividade e a qualificação técnica ficaram comprometidas.

Depois da década perdida, como são conhecidos os anos 80, e a década quase perdida (90), foi nos anos 2000 que o país a se animar. No entanto, Souza considera que o fato de a crise ter estourado em 2008/2009 atrapalhou, e muito, a política de aceleração do crescimento, adotada pelo governo Lula, a partir de 2005, uma vez que o crescimento econômico é um pré-requisito para o desenvolvimento. “Tivemos pouco tempo para alavancar a economia do país, por que no meio do caminho fomos interceptados por este evento financeiro, de âmbito mundial”.

Para ele, o tempo foi muito curto, não sendo possível dar o devido encaminhamento para promover mudanças mais profundas. Apesar disso, ele vê com bons olhos as realizadas emergencialmente, como o Bolsa Família, que permitiu a saída de milhões de pessoas da condição de miséria.

“Essa crise coloca mais dramaticidade na necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento, a exemplo as reformas estruturais que o PCdoB vem propondo desde antes das manifestações que explodiram em junho em todo o país”, complementa Renildo Souza, reforçando a fala do presidente nacional do Partido, Renato Rabelo, durante o lançamento das teses, em Salvador, no último dia 20 de julho.
Assim, foi retomada a discussão acerca da contribuição dos comunistas na construção de um governo pelo desenvolvimento econômico brasileiro.

De Salvador,
Maiana Brito