A cavalo pela liberdade

 Por Aldo Rebelo*

Cavalgada Independência

 
Já em seu terceiro ano, a Cavalgada da Independência que refaz o percurso de dom Pedro I do litoral ao planalto paulista para dar o Grito do Ipiranga firma-se como um evento cultural, cívico e esportivo a assinalar o Dia da Pátria. No último dia 7, partindo de Cubatão, os cavaleiros percorreram 14 quilômetros, embarcaram por falta de trilha e voltaram a cavalgar até a colina onde o príncipe-regente recebeu a correspondência do patriarca José Bonifácio dando conta de que o rei dom João VI exigia que voltasse a Portugal. Uma rápida encenação com atores reproduz a atitude de dom Pedro, dramatizando a imponência do ato na História do Brasil.

Incluída no calendário do Ministério do Esporte, com apoio da pasta da Defesa e do Governo de São Paulo, a cavalgada enquadra-se no roteiro de uma das modalidades esportivas mais antigas em nosso País, a equitação que já era praticada por algumas tribos, como a dos guaicurus e dos cadiuéus de Mato Grosso, e foi disseminada em larga escala pelo colonizador português. Desde 1900 consta dos Jogos Olímpicos.

Celebrar a Independência é comemorar o nascimento do Estado Nacional. Mas chama atenção que muitos ainda desdenham a importância do Grito do Ipiranga, assim como rebaixam outros grandes fatos de nossa história.

A autonomia de 1822, se não foi uma revolução com alterações profundas nas estruturas da sociedade, constituiu uma ruptura regada a sangue.

Sabendo que todo processo de descolonização é violento, José Bonifácio reorganizou o Exército, fundou a Marinha e contratou militares estrangeiros para expulsar os portugueses resistentes. Nas contas do historiador José Honório Rodrigues, a consolidação da Independência mobilizou tropas superiores às de Simão Bolívar na Colômbia, San Martín na Argentina e Chile e George Washington nos Estados Unidos. Muita gente matou e morreu para que este grande País fosse fundado nos trópicos.

*Aldo Rebelo é ministro do Esporte.

Fonte: Diário de S. Paulo