Bolsonaro causa tumulto em visita da CNV ao DOI-Codi
O senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) travaram uma discussão acalorada na manhã desta segunda-feira (23), no momento em que membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV) faziam uma visita ao 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, onde funcionava o antigo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna , o DOI-Codi.
Publicado 23/09/2013 16:00
Segundo a assessoria de imprensa de Rodrigues, o senador amapaense afirmou que foi agredido por Bolsonaro com um soco na região do estômago.
O motivo foi a chegada do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que é militar da reserva do Exército e não faz parte da comissão nem estava na lista dos integrantes da visita. A confusão começou quando Bolsonaro forçou a passagem, no portão do quartel, e chegou a dar um soco na barriga do senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que tentava impedir a entrada do deputado federal. Representantes de movimentos como o Tortura Nunca Mais e o Levante Popular da Juventude exigiam, aos gritos, a saída de Bolsonaro, que conseguiu entrar.
A comitiva, no entanto, recusou-se a fazer a visita na presença de Bolsonaro. O parlamentar continuou dentro do quartel mas não acompanhou a comitiva. Dezenas de pessoas esperavam em frente ao batalhão o resultado da visita da comissão. No prédio, onde hoje está o Batalhão de Polícia do Exército, foi local de tortura e prisões arbitrárias durante a ditadura militar (1964 a 1985).
Além de Randolfe Rodrigues, acompanham a visita da comissão o senador João Capiberibe (PSB-AP), que foi torturado durante a ditadura, e as deputadas federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Luiza Erundina (PSB-SP).
Por sua vez, o deputado Jair Bolsonaro disse que foi ao 1º Batalhão de Polícia do Exército para protestar contra os trabalhos da comissão.
A assessoria de João Capiberibe informou que o senador já trabalhava com a hipótese de encontrar Bolsonaro na manhã desta segunda. Na reunião com o ministro Celso Amorim, na qual membros da comissão e militares acertaram os detalhes da visita, um coronel do Exército teria dito que se a prerrogativa de parlamentar bastava para que Capiberibe e Rodrigues visitassem o 1º Batalhão de Polícia do Exército, "o Bolsonaro também poderia entrar".
Campanha
Parlamentares federais da Comissão da Verdade –entre elas a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP)– e representantes do Ministério Público visitam nesta segunda-feira (23) o prédio onde funcionava o DOI-Codi, órgão criado durante a ditadura militar (1964-1987) e que tinha a função de unificar a repressão política. O local é apontado como o principal palco das sessões de tortura ocorridas no decorrer do regime.
De acordo com a representação fluminense da Comissão da Verdade, a ida ao prédio é "o primeiro passo de uma campanha para tombar o local e transformá-lo num centro de memória", a exemplo do que foi feito no imóvel do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo e em centros de tortura na Argentina, no Uruguai e no Chile.
A visita estava marcada para a última sexta-feira (20), mas acabou sendo suspensa em resposta a um suposto veto à presença de Luiza Erundina pelo Exército. A nova data foi agendada após uma reunião entre três senadores e o ministro da Defesa, Celso Amorim, na última quarta (18).
Este não é o primeiro problema envolvendo uma visita ao prédio do DOI-Codi. No último dia 21 de agosto, o Comando Militar do Leste impediu entrada de membros da comissão estadual ao prédio.
O grupo chegou ao local pela manhã e não teve a entrada autorizada. De acordo com Wadih Damous, o Exército havia sido notificado sobre a visita, mas informou que não permitiria o acesso do grupo.
Com Agência Brasil