Cristina Kirchner critica dupla moral sobre armas químicas

Com atraso de mais de duas horas, a presidenta argentina, Cristina Kirchner discursou na noite desta terça (24) na 68ª Assembleia Geral da ONU. Cristina apontou a contradição de alguns líderes mundiais que têm posições dúbias com relação ao tema das armas químicas, por exemplo. O mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, que deveria discursar nesta quarta (25) foi excluído da lista de oradores do dia e, segundo informação de jornais venezuelanos, desembarcou em Caracas, vindo da China.

Argentinos não vão pagar a festa de lobistas, decretou Cristina ante a ONU

A presidenta, ao tratar da questão da Síria, reiterou a defesa de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU que, cujo “funcionamento data do pós-guerra” e reforçou o que outros líderes já haviam sustentado de que “o direito de veto se transforma em um obstáculo” e propôs que as decisões sejam tomadas por consenso, como acontece nos organismos latino-americanos como a Unasul e o Mercosul.

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Ironizando, questionou: me parece estranho que se deram conta de que havia um conflito na Síria somente no dia 21 de agosto, quando a guerra civil já tinha dois anos e meio e mais de 150 mil mortos. Lembrou também seu discurso na Cúpula do G-20 quando afirmou que não via distinção entre as mortes causadas por armas convencionais e químicas. E mencionou as bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagasaki e o uso de napalm no Vietnã. “Não há guerras justas, somente a paz é justa”.

A dupla moral de alguns países foi outro ponto criticado: “o Reino Unido militariza o Atlântico Sul enviando submarinos nucleares”, em referência às ações realizadas pelos britânicos nas Ilhas Malvinas, e ao mesmo tempo “critica os países que desenvolvem armas nucleares”.

Tratando diretamente de questões nacionais, a mandatária pediu ao presidente do Irã, Hassan Rohani, defina o memorando de entendimento para esclarecer o atentado à Amia (Asociación Mutual Israelita Argentina) – quando em 1994 um carro bomba explodiu deixando 85 pessoas mortas e 300 feridas: “Que não se confunda nossa paciência com ingenuidade ou estupidez. Acho já passou um tempo mais do que suficiente, queremos respostas".

Outro tema pautado por ela foi a questão dos fundos podres que será julgada a partir de segunda (30) nos Estados Unidos. Lembrou que desde 2005 a Argentina pagou cada um dos vencimentos de sua dívida e mencionou os juros de “mais de 1300%” que os investidores pretendem obter de fundos que obtiveram “a preço de lixo”. “Querem cobrar a totalidade, o valor nominal do título, sem nenhum prazo, desconto, nada”.

E concluiu: “Hoje os milhões de argentinos que recuperaram o trabalho, que voltaram a ter esperanças e ilusões, tampouco têm que pagar a festa dos lobistas”.

Da Redação do Portal Vermelho,
Vanessa Silva