Mídia global negligencia notícias sobre tráfico de seres humanos

De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira (24) pelo Media Tenor, um observatório da mídia, questões de segurança e crime estão entre os tópicos de maior cobertura em programas televisivos de notícias em todo o mundo, e somam cerca de 10% de todas as reportagens. Entretanto, o tráfico de seres humanos, uma das indústrias criminosas que crescem mais rapidamente em todo o mundo, ainda não é uma prioridade para a mídia líder de opinião.

“Devido à natureza encoberta do tráfico, este é um dos crimes menos relatados”, nota Casey Chancellor, analista do Media Tenor. “Mas os crimes que a mídia escolhe noticiar refletem que questões os líderes de opinião acham mais ameaçadoras, e acabam moldando a percepção pública sobre onde os recursos [para o combate] devem ser investidos”.

O observatório analisou 85.900 reportagens sobre crimes em 37 programas televisivos de notícias, de 1º de janeiro de 2012 até 10 de agosto de 2013, e concluiu que crimes violentos, como assassinato e terrorismo, dominaram claramente a agenda, enquanto a morte de vítimas de estupro e as preocupações com espionagem tomaram a atenção da mídia internacional em 2013.

O tráfico humano, que abrange os crimes de escravidão, sequestro e estupro, entre outros, é apenas mencionado por nome uma vez por mês em programas televisivos de notícia, bem abaixo do mínimo de duas a três vezes por semana necessário para que se sobressaia no mar de reportagens focadas em conflitos internacionais, escândalos e política.

O interesse na questão demonstrado por redes como a CNN, a ARD Tagesschau e a ABC 7.30, na Austrália, mostrou um aumento generalizado de 2012 a 2013, mas as reportagens ainda focaram majoritariamente nas vítimas e nas ações legais dos governos.

Em geral, a mídia raramente reflete a realidade da atividade global de tráfico, de acordo com dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNDOC), que identifica partes da Europa e dos Estados Unidos como os principais destinos de pessoas traficadas, enquanto a Ásia e a Rússia são os principais pontos de origem de pessoas traficadas. A mídia global não relata a atividade nos Estados Unidos, e menções à Rússia são quase obsoletas, contabilizando apenas 1% de todas as reportagens de 2012 a 2013.

Fonte: Media Tenor
Tradução da redação do Vermelho