Protógenes: A educação não pode ser tratada como ativo econômico

O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB/SP) se reuniu nessa quinta-feira (26) com as presidentas da União Estadual dos Estudantes (UEE/SP), Carina Vitral, e da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Nicoly Mendes. O objetivo do encontro foi reafirmar às lideranças estudantis seu apoio à agenda de luta dos estudantes.

Foto: Joanne Mota

Carina Vitral saldou a presença do parlamentar comunista e destacou a centralidade de se discutir ações conjuntas para a cidade de São Paulo. Ela também ressaltou o papel da juventude na atualidade e de como ela contribui para o debate político, para o desenvolvimento e para a construção de um Brasil mais justo e soberano.

Na oportunidade, Vitral apresentou os números do processo de privatização e desnacionalização do ensino privado em São Paulo.

Segundo ela, “urge lutarmos por um mecanismo que regulamente setor, que breque esse processo. O que assistimos é a precarização do ensino e na desnacionalização da cultura. Para os atores envolvidos, a educação vira negócio e os estudantes ativos econômicos”, denunciou a dirigente durante declaração ao Vermelho.

Protógenes Queiroz lembrou que a atual estrutura da educação em São Paulo é fruto de um processo anterior, encabeçado pelas gestões tucanas ainda na década de 1990. Segundo ele, essa herança afeta drasticamente o desenvolvimento e inviabiliza uma o avanço maior do Brasil.

“É preciso que a educação seja entendida, por todas as esferas da sociedade, como vetor central para o desenvolvimento. Não é de hoje que nós defendemos isso. Não podemos admitir que estudantes sejam tratados como ativos na esfera do mercado”, asseverou o parlamentar.

Foto: Joanne Mota
Reforma Política

Nicoly Mendes endossou as palavras da presidenta da UEE/SP e acrescentou que outra batalha importante é desmontar o monopólio dos meios de comunicação no Brasil. “Percebemos que a democracia não avançará enquanto esse monopólio definir o que é ou não importante. Acreditamos que um dos caminhos para mudar essa conjuntura é fazendo a reforma política”, denunciou.

Segundo ela, um passo importante que poderá garantir o avanço para a democracia é a reforma política. “O projeto de reforma política que o movimento estudantil defende, bem como outras entidades organizadas da sociedade civil, pode contribuir para reorganizar o Congresso. Mudando as regras do jogo poderemos ver projetos, como o que coloca a educação em outro patamar, serem aprovados. Além disso, para o movimento estudantil, a reforma política é a nossa maior arma contra a corrupção”, externou a presidenta da Upes ao Vermelho.

O parlamentar concordou. Porém, sinalizou os entraves que brecam o avanço dessa pauta no Congresso. “Nossa bancada está empenhada nessa matéria, mas encontramos muitos muros que inviabilizam o debate em torno de uma reforma política ampla e que estabeleça, por exemplo, o financiamento público de campanha”, lembrou Protógenes.

“O PCdoB é um partido que opina, propõe a partir de amplo debate, de amplo estudo, de ampla construção crítica. E com a reforma política não foi diferente. Mas, para que essas iniciativas avancem é preciso que a sociedade entenda e escore o seus representantes no Congresso. Ou seja, é preciso que a massa, o trabalhador entenda que a reforma política é boa para a população, para o Brasil”, esclareceu o parlamentar.

Luta contra o crack

Durante a reunião, deputado Protógenes Queiroz, que preside a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack, instalada em abril deste ano, falou da centralidade dessa luta para garantir o futuro dos milhares de jovens que sofrem com a dependência química. Ele lembrou “o Brasil ocupa a 88º posição em educação, o 72º em tecnologia, o 22º lugar nos jogos olímpicos de 2012, mas ocupamos o 1º lugar no consumo do crack”.

Nicoly Mendes também opinou sobre o assunto e lembrou da campanha “Crack, só se for de bola!”, lançada pela União da Juventude Socialista (UJS) em 2012. Segundo ela, a soma das duas campanhas pode contribuir significativamente na elaboração de ações mais efetivas nesse setor.

Joanne Mota
De São Paulo