BC: já não é necessário um superávit primário de 4% ou 5%

O Banco Central (BC) considera não ser mais necessária uma geração de superávit primário (que serve para pagar os juros da dívida) tão grande. É o que consta do Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta segunda-feira (30). Segundo o BC, a situação atual é diferente de quando a solvência do setor público era motivo de preocupação, situação que impunha um superávit primário maior.

Banco Central do Brasil

Questionado por analistas sobre essa avaliação do Banco Central, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que realmente “é chocante, mas o Brasil melhorou nos últimos 10, 15 anos.”


Carlos Hamilton Araújo, do Banco Central

Segundo ele, na primeira metade da década passada, era necessário melhorar “o balanço do setor público”. Ele lembrou que naquela época era gerado superávit primário em torno de 4% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país). “Acredito que não existe analista que defenda gerar o superávit de 4% ou 5% do PIB como anteriormente”, acrescentou.

“Para o Comitê [de Política Monetária do BC], entretanto, superávits primários em patamares próximos aos que têm sido gerados recentemente são necessários para manter a dívida pública em trajetória sustentável”, acrescenta, no relatório. Em 12 meses encerrados em julho, o superávit primário alcançou R$ 88,2 bilhões, o que representa 1,91% do PIB. Houve redução de 0,09 ponto percentual em relação a junho. Nesta segunda-feira (30) o BC divulga o resultado primário de agosto.

Para o BC foram criadas condições para que “o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade”. Ou seja, deve sair da posição expansionista – com aumento de despesas e redução de impostos para estimular a economia – para a neutralidade. De acordo com o diretor, na zona de neutralidade, “não há impacto relevante sobre a demanda agregada”.

Ele destacou que não houve mudança na comunicação sobre a política fiscal. Disse que, em documentos anteriores, o BC falava do passado ao dizer que a política fiscal estava em posição expansionista e agora está avaliando o futuro, prevendo a neutralidade. Essa expectativa de política fiscal neutra é até setembro de 2015, pensa ele.

Perguntado se houve questionados internos no governo sobre essa avaliação do BC de que a política fiscal é expansionista, Araújo disse que não há como mudar cálculos de indicador. “Não há como fazer o indicador ficar mais otimista ou pessimista. É um resultado de processo construído a partir de um conjunto de informações. Um indicador evolui de acordo com os dados que são fornecidos”, destacou.

Com informações da Agência Brasil