Portugal recebe outro pacote financeiro e imposições da "troika"

O governo de Portugal anunciou nesta quinta-feira (3) que a "troika" (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) vai liberar mais 5,5 bilhões de euros como parte do programa financeiro para o país. O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho disse sexta (4) que as medidas de austeridade impostas com os pacotes "terão que se manter durante muito tempo” se o país se quiser manter na zona do euro, como condição da troika.

Pedro Passos Coelho - Rui Gaudêncio / Público

Uma equipe de especialistas da troika chegou a Portugal no dia 16 de setembro para fazer a oitava e a nona avaliação sobre as reformas previstas no pacote financeiro enviado ao país.

Em uma coletiva à imprensa, o vice-premiê de Portugal, Paulo Portas, afirmou que o governo insiste na meta da diminuição do déficit em 4% do PIB, meta definida em março em 4,5% do PIB. A troika, porém, não aprovou essa alteração.

Segundo Portas, a troika decidiu elevar a perspectiva do crescimento econômico de Portugal em 2014, de 0,6% para 0,8%. O vice-premiê prometeu que o governo vai adotar uma política fiscal sólida para tirar o país da crise, embora este processo de resgates financeiros e cortes do déficit público venham se impondo contra o setor social e público do país.

No Parlamento, nesta sexta (4), a deputada do Partido dos Verdes, Heloísa Apolónia, questionou o primeiro-ministro diretamente sobre “quais são as medidas [de austeridade anunciadas este ano] temporárias e quais as definitivas”.

O primeiro-ministro não entrou em pormenores, mas foi direto: “as medidas [de austeridade] terão que se manter durante muito tempo” se o país quiser “se manter dentro do euro e cumprir a disciplina orçamental” à qual está obrigado pela troika.

“São medidas recessivas que tiveram implicações que estrangulam a vida das famílias. Muitas das medidas que estão anunciando como transitórias acabaram por se transformar em definitivas e estruturais. As dificuldades que as famílias têm hoje podem ser para sempre”, criticou Heloísa Apolónia.

Movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos dedicados à luta pelos direitos sociais e dos trabalhadores têm denunciado reiteradamente a imposição dessas medidas de austeridade, que implicam nos cortes sociais e no grave retrocesso das conquistas históricas.

Com agências,
Da redação do Vermelho