Líbia pede explicação aos EUA pelo "rapto" de um cidadão

Neste domingo (6), a Líbia exigiu uma explicação dos Estados Unidos pelo “rapto” de um dos seus cidadãos, através de uma operação não autorizada no território do país africano. O governo de Trípoli insiste que as acusações de atos de terrorismo e de ligação à rede Al-Qaeda contra o seu cidadão devem ser ouvidas em um tribunal líbio.

Líbia - Reuters/Ismail Zitouny

Autoridades da Líbia disseram que Washington tem questões a responder sobre a operação que conduziu para a captura de Nazih al-Ragye, mais conhecido pelo codinome Abu Anas al-Libi, neste sábado (5).

A Força Delta do Exército estadunidense realizou a operação enquanto al-Libi voltava das orações. O cidadão líbio está na lista de “Terroristas Mais Procurados” do Departamento de Investigação Federal norte-americano (FBI) desde 2000 (com uma recompensa de cinco milhões de dólares pelo seu paradeiro), em conexão com ataques à Embaixada dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998, em que 224 pessoas morreram.

Os serviços de segurança da Líbia negaram ter conhecimento da operação dos EUA, enquanto o governo disse que tinha “contactado as autoridades estadunidenses e pedido a apresentação de esclarecimentos”.

“O governo líbio está seguindo as notícias sobre o rapto de um cidadão líbio que é procurado pelas autoridades dos EUA”, afirmava uma declaração do escritório do primeiro-ministro, Ali Zeidan. “O governo da Líbia contatou as autoridades estadunidenses para pedir-lhes uma explicação”.

A operação deste sábado na Líbia foi realizada por uma das forças dos EUA que perseguem suspeitos de terrorismo. Uma equipe Seal (Sea, Air, Land, ou “Mar, Ar e Terra”) de fuzileiros da Marinha estadunidense lançou uma operação no mar da Somália, mas não capturaram seu alvo, um militante suspeito de envolvimento com o ataque recente ao centro comercial de Nairóbi (Quênia).

“Esperamos que isso deixe claro que os Estados Unidos nunca frearão os esforços para responsabilizar os que conduzem atos de terror”, disse o secretário de Estado norte-americano John Kerry, no domingo, sem consideração pelo questionamento feito pelo governo líbio sobre a operação ilegal.

“Membros da Al-Qaeda e outras organizações terroristas literalmente podem correr, mas não podem se esconder”, continuou Kerry. Ainda não há informações sobre o local para onde al-Libi foi levado, embora a prisão ilegal da base de Guantânamo, frequentemente denunciada pelas graves violações de direitos humanos e do direito internacional humanitário (que regula e estabelece condutas para tempos de guerra) seja uma possibilidade.

O governo da Líbia, assim como a família de al-Libi pediram que ele seja devolvido ao país para responder a quaisquer acusações diante de um tribunal nacional. O indiciamento contra Libi foi feito nos Estados Unidos, em Nova York, o que torna este um local possível para o seu julgamento, embora o histórico estadunidense seja o de confinamento dos suspeitos em locais como Guantânamo, por longos períodos de tempo, sem julgamento ou acesso satisfatório à defesa.

Com informações do portal All Africa,
Da redação do Vermelho