George Câmara: Petrobrás: do Brasil ou S.A.?
Aniversário de 60 anos da Petrobrás, 03 de outubro de 2013. Uma história inquestionável de sucesso, a confirmar a engenhosidade do ser humano.
Publicado 08/10/2013 17:20 | Editado 04/03/2020 17:07

Vencidas essas etapas ao custo de muitas prisões, mortes, perseguições e até o suicídio do Presidente Getúlio Vargas, novas batalhas e o novo desafio de enfrentar não apenas os entreguistas, a serviço do capital estrangeiro. Agora, travar a luta com a própria natureza e buscar petróleo onde muitos jamais imaginavam sequer a sua existência. Assim em águas profundas, assim na camada do pré-sal. Outra vez a dupla tarefa: comprovar a existência e demonstrar a capacidade de explorar essa riqueza, em condições tão adversas.
Em duas décadas, muito mais do que duas grandes descobertas: a demonstração do que acontece quando se coloca o Estado a serviço da nação e do seu povo. Mesmo que a duras penas. Enfrentando, nessa caminhada, inimigos que outrora se curvaram à coroa portuguesa e/ou ao império inglês. E que hoje afirmam: “esqueçam o que escrevi”. Gente que ainda considera o Brasil como um quintal daqueles que espionam até mesmo o Palácio do Planalto. E a Petrobrás. Do tipo que cultua a subserviência e prefere dirigir a palavra, preferencialmente, em inglês ou, como no passado, em francês.
Como foi possível remar contra a maré e edificar essa obra chamada Petrobrás, orgulho do povo brasileiro? Sem dúvida, combinando a boa política com a boa técnica. Ao sangue das pessoas que tombaram na luta contra os dominadores, somam-se a inteligência e o espírito desbravador de uma valorosa categoria de trabalhadores. Colegas de ontem e de hoje que forjaram a ferro e fogo e que continuam a fazê-lo com tamanha capacidade técnica, colocando a Petrobrás como campeã mundial em setor tão complexo, diante de concorrentes tão fortes.
Esforço coletivo que tornou essa empresa um poderoso instrumento de nosso país e de nosso povo. Instrumento de nossa ciência, de nossa tecnologia, de nossa afirmação em plano mundial frente à concorrência. Portanto, um verdadeiro objeto de afirmação de nossa soberania. E de nossa brasilidade.
Sua trajetória, porém, a fez passar de objeto a sujeito. Sujeito de nossa história. Posto que alcançou não como uma empresa, uma “S.A.” Por mais que seja uma empresa de sucesso inquestionável. Seus acionistas que o digam. Sujeito porque se confunde com o nosso conceito de nação.
Ao se colocar, sob a orientação de um governo progressista e comprometido com o futuro do povo brasileiro, a serviço do desenvolvimento, da geração de riquezas e valorização do trabalho, no combate às desigualdades regionais, a Petrobrás sai da condição de objeto para o patamar de sujeito. Muito mais do que uma empresa, uma vez que seu maior acionista é o povo brasileiro.
Financiar os investimentos no pré-sal ao preço de abandonar as demais regiões do país torna a Petrobrás uma simples S.A., um mero objeto. Porém fazê-lo sem abdicar do papel que lhe reservou a história, como peça chave para o desenvolvimento do nosso país, a torna fiel ao que merece o povo brasileiro: a Petrobrás é Brasil!
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