Ética revolucionária e nova economia, desafios da Venezuela  

O resgate e a construção de uma nova ética, assim como o impulso de uma economia diversificada e produtiva, são dois elementos da mais alta importância nesta nova etapa que a Revolução Bolivariana assume, disse nesta terça-feira (8) o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. 

Durante seu discurso na Assembleia Nacional, onde solicitou uma Lei Habilitante para combater a corrupção e a guerra econômica, o chefe de Estado expressou: "Vim hoje aqui pedir poderes habilitantes para aprofundar e acelerar o combate profundo por uma nova ética política, uma nova vida republicana e por uma boa sociedade".


Maduro assinalou que com os poderes habilitantes que solicitou por um ano poderá empreender durante este 2013 e 2014 "grandes tarefas para combater este delito, tornar o país decente e fazer com que a revolução econômica produtiva sustente a felicidade do povo".

De acordo com a Constituição venezuelana, a Lei Habilitante é um instrumento jurídico que faculta ao presidente da República emitir decretos com nível, valor e força de lei sobre matérias que considere pertinentes de acordo com as necessidades e/ou a emergência do país.

"A pátria de Simon Bolívar e Hugo Chávez não é um covil de ladrões; por isso, devemos desencadear uma verdadeira campanha contra a corrupção, em ofensiva permanente contra os corruptos e seus políticos", agregou.

O presidente Maduro ressaltou que foi árdua a luta do povo venezuelano para conquistar a democracia e enfrentar o surgimento da casta latifundiária, a burguesia capitalista e o empresariado transnacional.

"Nossa história política por consumar o ideal da democracia, bem podemos compreendê-la como um prolongado, sustentado e criminoso assalto por parte das classes dominantes à nação, a suas riquezas e, sobretudo, a seu povo", disse o mandatário, que assinalou que, com o passar das décadas, a corrupção se converteu "em um tipo de instituição paralela legitimada".

"Esta cultura do roubo foi-se instaurando com maior descaramento na mesma medida em que se entregava nossa economia à livre circulação de capitais nacionais e estrangeiros sem nenhum controle", afirmou.

Nova ética

O chefe de Estado indicou que "se a corrupção continua perpetuando-se não haverá socialismo", pois esse sistema não pode desenvolver-se "em meio dos antivalores da corrupção".

Maduro agregou que a corrupção debilita a saúde da República, pelo que chamou o povo a não tolerar a corrupção. Segundo ele, a implementação da nova ética revolucionária, formada a partir de uma educação plena de valores morais e atitudes visionárias, será a base fundamental que propiciará a mudança nas relações de poder e permitirá o prolongamento do socialismo bolivariano.

"Temos que aprofundar, dar continuidade e acelerar no horizonte desta segunda década do século 21 a mudança revolucionária e radical que se iniciou em 1999, quando a revolução se tornou governo", indicou Maduro.

"Temos que romper de uma vez por todas com esse padrão histórico que consiste em que assumir uma determinada responsabilidade significa obter privilégios e colocar-se por cima do povo. Aqui não cabe senão o maior rigor, quem não compreender isso será melhor que abandone as fileiras da Revolução. A nós, por lealdade ao comandante Chávez é proibido o desfrute do poder", enfatizou.

A consolidação da nova ética, que deve ir mais além dos preceitos, "implica uma nova subjetividade unida indissoluvelmente aos interesses coletivos".

"Cada compatriota deve transformar-se em um agente ético capaz de pensar e atuar em função do bem comum, que através de sua dignidade faça reverdecer um homem novo, uma mulher nova, uma sociedade verdadeiramente mais humana, assim como o fez o comandante Chávez”, indicou Maduro.

Igualmente, instou os entes governamentais a estabelecerem normas mais severas e punição aos atos de corrupção. Nesse sentido, proclamou que por meio da Lei Habilitante será possível consolidar uma “inexpugnável legalidade bolivariana que nos blinde contra a corrupção".

"A democracia, suas instituições e poderes constituídos, os funcionários e servidores públicos, os políticos e os partidos, os empresários e aqueles que fazem vida financeira no país não podem proteger a corrupção. Ser permissivos e tolerantes com as práticas delituosas de acumulação de capital significa nos tornarmos cúmplices da imoralidade", expressou Maduro.

Batalha contra o capitalismo

Maduro ressaltou que a Venezuela é "um dos lugares do mundo onde se está realizando a batalha contra o capitalismo" e expressou que "o governo enfrenta atualmente a burguesia parasitária".

"A economia venezuelana atravessa uma conjuntura especial, toda vez que o aparato produtivo é impactado de uma maneira muito aguda por uma série de distorções, como a especulação, o açambarcamento, o contrabando, o mercado de divisas ilegal", explicou o presidente, que considera imperativo precisar os setores participantes e conhecer quais são os grupos de poder e suas relações com a banca, as seguradoras e o mercado de valores.

"Temos que fazer com que a renda do petróleo seja aplicada para o desenvolvimento produtivo da economia e não para a especulação e o enriquecimento de grupos particulares que querem controlar o poder político pelo caminho do disfarce vermelho ou pela via da burguesia parasitária amarela", sentenciou durante a sessão especial na Assembleia Nacional.

O mandatário sustentou a opinião de que, "tal como durante a Quarta República, o império norte-americano mantém suas firmes intenções de dominar a renda petroleira venezuelana, e quando a burguesia parasitária se soma a golpes e sabotagens é porque pretendem atacar a economia nacional e os controles firmes que o comandante Hugo Chávez estabeleceu para orientar os recursos para os investimentos para o bem viver do povo".

Política internacional anti-imperialista

Durante sua intervenção na Assembleia Nacional, o chefe de Estado venezuelano ressaltou que o país "está um passo adiante na história da humanidade, conectado com as grandes correntes da paz e mudança anti-imperialista no mundo".

Destacou a valentia do deputado Adel El Zabayar, que solicitou uma permissão especial para alongar sua permanência na Síria e incorporar-se às brigadas de resistência para defender a nação árabe perante uma possível invasão dos Estados Unidos.

O parlamentar, que já está de volta ao país, entregou a Maduro dois ramos de oliveira em nome dos combatentes do povo sírio como mostra de paz, solidariedade, amizade e fraternidade, em honra do comandante Hugo Chávez e do presidente Maduro, por seu consequente apoio à grande causa mundial de derrotar os ataques intervencionistas imperiais.

Agência Venezuelana de Notícias