Relação estratégica: Ajuda militar dos EUA ao Egito é reduzida

Desde que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, foi deposto pelo Exército em 3 de julho, os Estados Unidos têm estado em uma posição desconfortável. Um instrumento automático do Congresso suspende ajuda militar no evento de um evento como este. Os EUA apoiam o Exército egípcio em 1,3 bilhões de dólares por ano, e até agora tem evitado usar o termo “golpe de Estado” para descrever a deposição de Mursi, e por isso a assistência havia sido mantida.

Acordos de Camp David - Corbis

Enquanto a ideologia pode ter contribuído para essa relutância em suspender a ajuda militar que os EUA dão ao país desde 1987, ainda há preocupações estratégicas.

A ajuda militar ao Egito, ao longo dos anos, tem ajudado os Estados Unidos a garantir a paz com Israel, acesso ao Canal de Suez e ajuda com o trabalho do contraterrorismo.

Mas parece que algo mudou. Nesta semana anunciou-se a suspensão de grande parte do 1,3 bilhões de dólares de apoio militar anual. A entrega de sistemas militares de larga escala, assim como o apoio financeiro ao governo egípcio, serão segurados.

“Continuaremos a manter a entrega de alguns sistemas militares de larga escala e de assistência financeira ao governo dependendo do progresso credível em direção a um governo inclusivo eleito democraticamente, através de eleições livres e justas”, disse um porta-voz do Departamento de Estado.

Uma transferência de 260 milhões de dólares vai ser suspensa, assim como uma garantia de empréstimo de 300 milhões de dólares. A entrega de helicópteros Apache, partes de tanques e mísseis Harpoon também serão cessadas. O apoio financeiro para garantir a segurança na Península do Sinai, fronteira com Israel, e para o treinamento militar e de contraterrorismo será mantido.

Desde julho, a Casa Branca tem debatido intensamente sobre como responder. Alguns defenderam que os EUA tinham a responsabilidade de pressionar o Exército para restaurar a democracia no Egito, não altruisticamente, mas por causa do temor de que a contínua repressão dos simpatizantes de Mursi empurrariam membros da Irmandade Muçulmana, banida do país, recorrerem ao terrorismo.

Outros acreditam que os EUA não podem prejudicar sua forte relação com o Egito, advertindo que cortar a ajuda militar ao país poderia afetar seriamente o seu posicionamento na região. Esta última medida surge após uma revisão dos fundos, lançados em agosto, após uma avaliação séria das autoridades egípcias, cujas ações de repressão das manifestações deixaram centenas de simpatizantes da Irmandade Muçulmana mortos.

Os impactos da medida são diversos. Primeiro, a entrega de equipamentos militares já estava suspensa, um exercício militar havia sido cancelado e, na prática, assistência financeira também estava suspensa desde julho. Por isso, o anúncio do Departamento de Estado não surpreende.

Qualquer dano financeiro ao Egito será compensado pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, além disso. Ambos os países dão doações generosas aos egípcios e afirmaram que compensariam a falta de apoio estrangeiro. Também houve sugestões de que o Egito buscaria assistência militar de outros países, como a Rússia.

Mas se as perdas financeiras imediatas podem ser evitadas facilmente, ainda há a questão do dano às relações EUA-Egito. Desde os Acordos de Camp David, de 1978, essa relação forte tem sido uma característica forte da política norte-americana para o Oriente Médio.

Os EUA não são o único país preocupado com suas boas relações. Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o interesse do seu país é a “continuidade da paz com o Egito”, e que isso depende da ajuda estadunidense ao país.

Além disso, o governo estadunidense deixou claro que a suspensão da ajuda é apenas temporária, e que será restaurada quando as eleições democráticas forem realizadas, ou ao menos um “progresso” em direção a isso for verificado.

Com informações do Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho