Jandira Feghali é proposta governadora na Conferência do PCdoB-RJ

 Na noite desta sexta-feira, 11 de outubro, foi realizada a abertura da 18ª Conferência Estadual do PCdoB no Rio de Janeiro, que neste ano homenageia o centenário do nascimento da combativa militante comunista Elza Monnerat.

A conferência, que aconteceu no centro da capital no Hotel Windsor Guanabara, foi aberta pelo presidente estadual do partido, João Batista Lemos, que saudou a presença dos camaradas e salientou mais uma vez a importância desse processo do 13° Congresso do Partido, afirmando ser esse "o momento mais democrático dentro do partido, um momento sempre histórico". Batista anunciou que o comitê estadual cessante indica à conferência o lançamento da candidatura da deputada federal Jandira Feghali ao governo do estado em 2014. Diante de uma fragmentação da base do governo Dilma aqui no estado o PCdoB resolveu se posicionar lançando o nome da parlamentar que, segundo o presidente estadual do partido, é um nome conhecido e respeitado, e um fator de unidade dentro do PCdoB; além da decisão refletir uma indicação da conferência da capital.

Jandira Feghali, que durante o ato foi aclamada pela militância com o brado de "Olê, olê, olê, olá, Jandira Já"; recebeu a palavra e coordenou o ato político da 18ª Conferência. Jandira convidou importantes quadros do partido para compor a mesa ao seu lado e do Batista. Como o Secretário Nacional de Organização, Walter Sorrentino; a deputada estadual Enfermeira Rejane; o vice prefeito de Cordeiro, Leandro da Autoescola; representando os 26 vereadores do PCdoB no estado, o vereador de Mangaratiba Chicão da Ilha; a Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres do Rio de Janeiro, Ana Rocha; o recém eleito presidente do PCdoB na capital e membro do secretariado estadual cessante, Waldemar de Souza; a presidenta estadual da UBM, Célia de Almeida; o presidente estadual da CTB, Ronaldo Leite; Bartíria Lima Costa, presidenta da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam); Cláudia Vitalino, presidenta estadual da UNEGRO; Roberto Monnerat, sobrinho de Elza Monnerat; e Daniel Iliescu, presidente estadual da UJS.

Walter Sorrentino fez uso da palavra e saudou a militância e a mesa na pessoa de Jandira e de Batista, enfatizando também a importância do processo do 13° Congresso comunista, e destacando a relevância da conferência estadual do Rio de Janeiro para o partido. Walter também prestou homenagem à Elza Monnerat em sua fala:

"Os que merecem a melhor e maior saudação são os militantes do partido. Como bem disse o Batista, esse é um momento de democracia máxima do partido, momento constituinte da vontade do partido e sem vocês o partido não existiria. O Brasil vive grandes desafios e temos um papel cada vez maior a cumprir e precisamos decidir coletivamente os nossos rumos. 

Quero saudar a grande iniciativa em homenagear essa companheira inesquecível, Elza Monnerat, e eu espero que o Roberto (sobrinho de Elza) leve dessa conferência todo carinho, respeito, admiração e veneração que tivemos e temos pela companheira Elza Monnerat, que esse ano completaria um século de vida se ela não tivesse sido levada em 2004. A melhor homenagem que podemos prestá-la é homenagear a luta que ela travava e nós estamos dispostos a dar continuidade à essa luta. Tenho certeza que essa será uma conferência muito vitoriosa, e é observada por todo país. O partido no Rio é de grandes histórias e de grande trajetória", apontou o dirigente nacional comunista.

Walter também fez questão de cumprimentar Jandira e saudar a candidatura e sua trajetória política, afirmando não ter conhecido uma mulher, militante, política tão inteligente e realizadora como Jandira, que, segundo ele, reúne todas as condições para ser futura governadora do Rio de Janeiro.

Em seguida foi exibido um vídeo sobre Elza Monnerat, em que a própria militante contava alguns momentos históricos de sua importante trajetória política no PCdoB e no Brasil. Após o vídeo, a militância emocionada bradou: "Elza Monnerat presente! Agora e Sempre!".

Ana Rocha, que militou ao lado de Elza em momentos decisivos da história do Brasil e do partido, como na ditadura militar; fez uma homenagem à saudosa comunista. Ana Rocha escreveu um belo texto para honrar e lembrar a história de luta pelo povo brasileiro de Elza Monnerat:

"Com muita honra que estou aqui para fazer essa homenagem, esta conferência não poderia deixar de homenagear essa ilustre militante que honra a história do PCdoB no Rio e no Brasil. Elza marcou o cenário do Rio e é com muita emoção que hoje presto essa homenagem (…) Elza nunca foi de grandes teses mas de grandes atitudes, uma militante exemplar em sua firmeza e disciplina no cumprimento das tarefas, mas ao mesmo tempo sensível e solidária com os problemas que a cercavam (…) Elza plantou a semente da resistência por um Brasil melhor, democrático e socialista, e nos levou o exemplo de humanidade, respeito e solidariedade(…) Elza representa o contraponto ao ideário neoliberal que estimula o individualismo e as disputas, Elza é o exemplo vivo de uma militância abnegada em prol de uma causa justa (…) A Elza foi imprescindível à sobrevivência do partido, seu rigor nas normas de seguranças salvou muitas vidas, inclusive a de João Amazonas (…) Ela não gostava de holofotes mas participava de todas as cenas da vida partidária. Elza faz parte de uma legião de mulheres que não cruzaram os braços diante das injustiças e foi à luta(…) Quando foi presa na ditadura e cercada por policiais ela gritava 'abaixo a ditadura!' Era uma figura chave que sempre conseguia driblar a repressão e em 31 anos de militância foi presa pela primeira e única vez. 

Ela não foi poupada das atrocidades cometidas contra aqueles que se opunham a ditadura militar (…) Que as novas gerações reguem, façam crescer e se reproduzir, a semente plantada por Elza Monnerat. Viva Elza Monnerat! Viva o Partido Comunista do Brasil".

Na sequência, os operários comunistas Raimunda, Nobre e Severino, deram continuidade à homenagem e entregaram à Roberto Monnerat um buquê de flores e a bandeira do PCdoB.

A deputada federal, Jandira Feghali, retomou a palavra e fez destaques importantes sobre a luta do partido e povo brasileiro pela democracia; e sobre a identidade do PCdoB:

"É impossivel contar a história da democracia, ou da ditadura, das lutas do povo brasileiro, sem falar do Partido Comunista do Brasil. Hoje depois de 91 anos de partido me lembro de dois fatos muito recentes: um foi o fato de termos conseguido entrar no DOI CODI aqui no Rio e ali poder observar com muita angústia as dependências daquele lugar onde tantos companheiros nossos foram torturados e mortos. Tantos companheiros que lá foram torturados estão aqui hoje conosco, ativos militantes do PCdoB, apesar daqueles terríveis momentos. O outro momento foi quando recuperamos os mandatos simbolicamente de todos os comunistas cassados arbitrariamente, que tiveram sequetrados seus mandatos, e nós conseguimos devolver por uma decisão unânime na Câmara e o no Senado, a bancada comunista de 1946. A democracia e a liberdade são conquistas difíceis e só quem não viveu e não sabe o que foi a história do Brasil não dá valor a esse momento de maior democracia que vivemos. Essa Conferência e o Congresso do partido têm o desafio de fazer valer nosso perfil, nossa história, e o papel político que temos que cumprir dentro da sociedade brasileira. Nossa identidade não pode ser perdida, somos um partido revolucionário,sem medo de assumir nossas posições marxistas em defesa do socialismo; e precisamos dar continuidade a essa luta combativa e a sociedade tem que nos ver assim. Precisamos avançar estruturalmente no Brasil, nos direitos para todos, sem discriminação e nenhum preconceito, esse processo nosso deve se manifestar em todos os dias do ano. Que essa 18ª conferência seja combativa, democrática, aberta, com debate das teses; mas acima de tudo, que saiamos daqui com aquilo que nos marca: a emoção, o afeto, solidariedade, mas ao mesmo tempo, com muitas ideias, muita firmeza e sobretudo com nossa unidade política", salientou a parlamentar comunista.

Após a declaração de Jandira, o presidente estadual, João Batista, retomou à palavra, ressaltando a democracia no PCdoB e encaminhando a eleição de uma mesa dirigente para a conferência:

"Camaradas, temos uma discussão importante e bastante objetiva, o PCdoB é talvez o partido mais democrático desse país e nesse momento a direção estadual que veio até aqui se encerra hoje, e a partir de agora vamos propor uma mesa para ser a direção do partido durante essa conferência. Vamos eleger uma mesa para conduzir o partido até a eleição de uma nova direção estadual do PCdoB no Rio de Janeiro", destacou o presidente ressaltando também a importância da incorporação de novas lideranças à direção do partido.

As lideranças apresentadas para compor a direção provisória na conferência, e que foram aprovados por unanimidade pelo plenário, são:

Ana Rocha, Batista, Caíque Tibiriçá, Daniel Iliescu, Dilceia Quintela, Edmilson Valetim, José Roberto Luna, Fernando Nogueira, Jandira Feghali, Ronaldo Leite, Maurício Ramos,Paulo César (PC), Raimunda Leone, Rejane, Romário Galvão, Uirtz Sérvulo, Waldemar, Wevergton Brito.

Em seguida, o presidente do partido na capital, Waldemar de Souza, coordenou a mesa e apresentou a proposta das comissões para a conferência. Os nomes apresentados e também aprovados de forma unânime são:

Comissão de Resoluções (Sistematização): Ana Rocha, Caíque, Carlos de Lima (Carlão), Marcos Costa, Monique Lemos, Wevergton.

Comissão Eleitoral: Cristiane, Fernando Cid, Giovani (presidente do partido em Barra Mansa), Igor Bruno, Natanael, Raimunda, e Uirtz.

O deputado estadual do PT, Robson Leite, foi convidado ao microfone para um breve saudação. Robson saudou os comunistas e frisou a importância do Partido Comunista do Brasil: "É importante nesse momento que vivemos ter um partido com a força e o vigor do PCdoB", afirmou o parlamentar.

Waldemar de Souza deu prosseguimento ao processo de normatização com a leitura do Regimento Interno e o Eleitoral da Conferência, proposto pela direção do comitê estadual cessante.

Dois destaques foram feitos no item 5 do regimento, no que trata a quantidade mínima de indicações do plenário para que um camarada possa entrar na cédula final de votação. A proposta inicial determinava que seria necessário 20% de indicações dos delegados em um nome. Já a proposta dois, fruto dos destaques, indicava que esse percentual fosse reduzido a 10%. O coletivo da militância comunista decidiu pela aprovação da proposta número 2 e o regimento foi modificado nesse ponto. O restante do documento foi aprovado por decisão unânime do plenário.

Neste sábado, 12 de outubro, a partir das 9h, a 18ª Conferência Estadual do PCdoB terá prosseguimento com a exposição das teses de 13° Congresso, com debates e discussões. No domingo (13) acontecerá o encerramento da conferência, com a eleição da nova direção estadual e dos delegados para o Congresso Nacional do partido em São Paulo, no mês de novembro.

*Por Bruno Ferrari