Conferência elege Wadson Ribeiro presidente do PCdoB Minas

Após dois dias de intensos debates em torno das Teses do Partido e dos desafios políticos dos comunistas mineiros para o próximo período, cerca de 350 delegados elegeram neste domingo (13) a nova direção do PCdoB. Composta por 63 quadros das mais diversas regiões e frentes de luta do estado, a direção estadual será presidida por Wadson Ribeiro e terá como vice-presidente o prefeito de Contagem Carlin Moura.

De Belo Horizonte, Mariana Viel


Entre os grandes desafios apresentados pelo novo presidente da legenda em Minas, está o fortalecimento da presença dos comunistas entre os trabalhadores e movimentos sociais – uma das marcas do Partido no estado. Segundo ele, a renovação de mais de 40% da direção estadual, em um processo que unificou quadros jovens e experientes em torno de um projeto político é um dos principais destaques da convenção. “Nosso desafio eleitoral é ampliar a bancada mineira na Câmara Federal e na Assembleia de Minas, elegendo dois deputados federais e quatro estaduais”.

Wadson Ribeiro – que já presidiu a União da Juventude Socialista (UJS), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi secretário-executivo do Ministério dos Esportes – afirmou que a presidência do PCdoB estadual é a tarefa mais desafiadora e importante que ele assumiu desde que ingressou nas fileiras partidárias em 1992. Além de uma extensão territorial que se equipara à de muitos países, provavelmente, o principal adversário político da presidenta Dilma Rousseff nas eleições ao Palácio Planalto no próximo ano, deverá ser o mineiro Aécio Neves.

“O PCdoB sempre se colocou como oposição ao governo do PSDB em Minas Gerais por entender que ele representa no estado a política neoliberal, a mesma que os tucanos implementaram no Brasil nos governos de Fernando Henrique Cardoso. Por outro lado, sempre mantivemos uma relação de respeito com outros partidos e acreditamos que muitos deles podem compor uma coalizão política que faça frente ao atual governo mineiro. Achamos que nessa coligação cabe o PCdoB, o PT, o PMDB, o PDT, o PR, o PP, enfim, uma gama de partidos que fazem parte da base do governo Dilma. É essa perspectiva política que faz o PCdoB se relacionar com um número grande de partidos e a nossa convenção mostrou esse nossa força aglutinadora”.

Em entrevista ao Portal Vermelho, a deputada federal Jô Moraes – ex-presidenta do Partido no estado – relatou as dificuldades dos comunistas mineiros no processo de construção do Partido no estado desde o período da ditadura militar até os dias atuais. “Nosso Partido fincou em Minas suas raízes através da lógica da mudança e da transformação, mas com enorme respeito aos políticos mineiros. O país só avança se somarmos forças em torno daqueles que têm compromisso com o desenvolvimento. O PCdoB tem a convicção que a luta é grande, que o Brasil precisa desenvolver e mudar, mas tem também a certeza que isso só será possível se o povo estiver nas ruas. A relação com o povo deve ser a perseguição e obsessão maior deve continuar realizando em Minas”.

Jô Moraes fez um balanço da atuação do Partido em Minas e disse que nos últimos anos a direção estadual enfrentou um quadro de dificuldades para a consolidação do movimento oposicionista ao projeto tucano no estado. Segundo ela, um dos desafios da direção cessante foi a condução do Partido no caminho da ampliação de seus espaços na disputa eleitoral de 2012. O Partido conquistou sete prefeituras, entre elas Contagem – o 3º PIB do estado de Minas Gerais. Em termos de votação nominal para vereadores, houve um crescimento de 70%, que resultou na eleição de 60 vereadores do PCdoB em diversas cidades do estado.

Jô também ressaltou o importante papel que Minas Gerais e os comunistas irão jogar nas eleições presidenciais de 2014, em que estará em jogo a continuidade do projeto das forças populares e democráticas representadas pela presidenta Dilma. “Teremos que ter a capacidade de firmar nossa convicção que o nosso campo é aquele representado por Lula e Dilma e ao mesmo tempo conseguir atrair ainda mais forças sociais para o nosso campo”.

Para a deputada federal, também é necessário a união do Partido com outras forças políticas para a construção de um projeto que indique os caminhos do estado rumo ao desenvolvimento. “Discutir qual é o caminho que Minas deve seguir, qual é o nosso eixo, quais serão os próximos movimentos que podem unir os setores produtivos, trabalhadores e setores acadêmicos serão os nossos grandes desafios”.

Os delegados também aprovaram a indicação dos 40 comunistas mineiros que deverão representar o estado de Minas Gerais no 13º Congresso do PCdoB, que acontece entre os próximos dias 14 e 16 de novembro, em São Paulo. A 15ª Conferência do PCdoB-Minas encerrou um processo de plenárias que envolveu quase 6 mil militantes comunistas em cerca de 200 municípios do estado.