Wagner de Almeida: Brasil; governos Lula, Dilma e o PCdoB
Nos últimos 10 anos, e não só nestes 10 anos, o Brasil vem passando por mudanças importantes que podem ter influenciado nas vitórias sucessivas de Lula, Dilma e suas bases de apoio e na derrota do campo conservador. Duas dessas mudanças foram o aumento do proletariado na composição da população e a urbanização acentuada. Além, é claro, da desmoralização política dos responsáveis pelas políticas abertamente neoliberais dos governos anteriores.
Por Wagner de Almeida*
Publicado 14/10/2013 11:58 | Editado 13/12/2019 03:30
Esse posicionamento no campo popular e democrático deveu-se a um posicionamento de tomada de consciência de classe? Ou foi, por enquanto, mais uma atitude instintiva do proletariado em apoio a um líder como Lula, de origem reconhecidamente operária e sindical? Esta é uma questão que precisa ser considerada.
Outra coisa em destaque é a obrigatoriedade de alianças amplas para conseguir vencer. As forças conservadoras se revelaram poderosas e, com o apoio da mídia, muito mais o são. Pois, se é verdade que o proletariado constitui a maioria da população, não há uma “muralha da China” que faça um bloqueio eficaz contra a penetração das ideias e propagandas ardilosas dos conservadores no meio do povo. Sem falar das tentativas de emplacar candidaturas “anfíbias” no intuito de confundir e semear a divisão do nosso campo. Enquanto isso, do lado de lá, nas classes mais favorecidas parece ir se formando trincheiras arraigadas do conservadorismo. Sem as alianças, portanto, a esquerda teria sido derrotada.
O que todos sabemos é que, apesar de sermos vitoriosos na disputa do poder central, muito longe ainda ficamos de conseguir uma situação tranquila. E o governo para governar tem que “matar um leão por dia” para conseguir dar sustentação ao projeto de mudanças. E tem ainda a herança maldita, a dívida social impossível de ser resolvida num curto espaço de tempo e os efeitos da crise estrutural do capitalismo na nossa economia.
Por isso cresce a necessidade de fortalecer o Partido Comunista do Brasil, e fortalecer principalmente no meio do proletariado. Sem exclusivismos, sem sectarismos, aproveitando as brechas da ampliação que o momento propicia para levar o Partido a todos os setores da população, fazer o debate das ideias. Mas sem esquecer que os aliados, a socialdemocracia, os partidos burgueses que apoiam, no momento, o governo popular e democrático são vacilantes, em especial pela (s) sua (s) origem de classe.
O Partido tem avançado na sua formulação política, na inserção entre os setores populares e tem conseguido estabelecer bases amplas e isso é muito saudável. Porém, precisa caprichar mais na estruturação dessas bases, principalmente quanto à formação e aprofundamento político entre seus militantes do que seja um verdadeiro partido comunista do proletariado e o que o diferencia das demais organizações políticas. E crescer no meio do proletariado para contribuir que o mesmo deixe de ser apenas uma “classe em si” e avance na consciência de uma “classe para si” para poder jogar o papel que lhe cabe na sociedade. Conscientemente, e não apenas, instintivamente.
*Wagner de Almeida é Membro do PCdoB Paulistano.