Marcelo Toledo: Não perder o foco
Estamos vivenciando um momento dos mais ricos e decisivos na luta política brasileira tendo seu desfecho principal no próximo pleito eleitoral. O 13º Congresso do Partido se realiza exatamente no centro dessa disputa, que na sua essência é a disputa de dois projetos fundamentais, o do avanço e o do retrocesso social.
Por Marcelo Toledo*
Publicado 15/10/2013 17:10 | Editado 13/12/2019 03:30
Estamos na antessala da disputa desses projetos para a continuidade desse novo ciclo político iniciado em 2003 ou, o retrocesso com a derrota em 2014 das forças mais consequentes do campo popular e de esquerda.
O centro de gravidade neste momento é a avaliação e a compreensão coletiva desse novo período político iniciado com Lula, com o Partido e outras forças de esquerda, com o objetivo claro em darmos consequências mais avançadas nas conquistas democráticas e nas reivindicações populares.
As teses do 13º Congresso procura justamente apontar esse centro de gravidade na luta política atual. O movimento das forças retrógradas e conservadoras alimentadas pela lógica neoliberal (ainda que temporariamente derrotadas) não medem esforços para a derrota do campo popular e progressista inaugurado em 2003.
É fundamental a compreensão coletiva do que exatamente está em jogo nesse cenário:
1. A soberania do Brasil,
2. A continuidade dos avanços democráticos,
3. A integração social de milhões de pessoas à condição digna de vida e trabalho.
A melhora das condições de vida do nosso povo não tem sido um processo simples e rápido, nas condições complexas do desenvolvimento histórico do nosso país, as conquistas surgiram como fruto de muitas lutas e sacrifícios, as conquistas sociais que hoje se tem, foram resultados das lutas heroicas do nosso povo e da classe operária brasileira. O novo ciclo político inaugurado em 2003 foi o resultado dessa acumulação de forças e que possibilitou a vitória das forças com caráter popular, progressista e de esquerda chegarem ao centro do poder político. Nesse contexto, a participação do Partido foi de fundamental importância, desde a elaboração teórica a organização concreta do movimento junto ao povo levando a vitória às forcas progressistas no comando do centro d poder.
É praticamente impossível dissociar a história do PC do B com a história do nosso povo nos últimos 91 anos, como também não associar o futuro do nosso povo com a participação viva do PC do B na luta pela democracia e o socialismo no Brasil. Essa relação de "carne e osso" com o futuro do Brasil não acontecerá de forma tranquila, mas sim através da luta e do fortalecimento do Partido como guia revolucionário reconhecido pelos trabalhadores e trabalhadoras e todo o povo, capaz de orientar a luta pela emancipação social, pelo socialismo.
As teses esclarecem esse conteúdo fundamental e foca a luta atual como mais uma etapa a ser cumprida; A continuidade desse atual projeto, com a união das forças mais avançadas dando maior consequência às vitórias até aqui conseguidas.
Os vários artigos em debate na tribuna têm mostrado a vitalidade política e teórica dos nossos militantes, críticas e observações, realçando pontos que podem ser contraditórios. Uma questão que já há algum tempo tem sido fruto de muito debate internamente é justamente a questão de qual é o movimento de luta ou de acumulação de forças que esse momento põe como principal vetor na disputa política pelo poder? A tese dá um realce na questão eleitoral, apontando como principal vetor para a acumulação de forças nesse momento, entretanto, a tese também realça a dinâmica dos movimentos sociais como fator determinante para a vitória das forças populares.
Penso camaradas, que vitórias ou derrotas eleitorais e, principalmente em nosso caso, é o reflexo direto do nível e grau da nossa inserção no movimento social em curso e do movimento operário e sindical. Portanto, é imprescindível a compreensão coletiva a respeito da necessidade da construção e fortalecimento do Partido em todas as esferas do movimento social e, principalmente entre o Proletariado que atualmente nas condições do Brasil, significa uma classe extremamente numerosa e qualificada perante seu legado histórico, a cumprir sua tarefa de classe como protagonista da luta pelo socialismo.
É importante nesse processo congressual com "espirito" revolucionário, refletirmos a respeito das dificuldades na construção e fortalecimento do Partido. Quero aqui ressaltar essa polêmica em torno de qual deva ser a prioridade para a acumulação de forças.
A princípio não podemos esquecer que é através do processo eleitoral que o Partido aparece mais rapidamente para as amplas massas do povo, com fisionomia própria, com uma conduta em defesa dos nossos propósitos programáticos, com um trabalho sério e conduta digna em defesa da sociedade, o Partido acumula maior visibilidade. O mesmo se pode dizer quando através do trabalho de base se ganha a direção de um sindicato, melhor ainda se for um sindicato operário, o Partido ganha visibilidade e credibilidade, porém de forma diferente, vamos então privilegiar uma forma de luta e deixar a outra de lado? Absolutamente, uma depende da outra, a relação é intrínseca, os resultados eleitorais refletem diretamente o tamanho de nossas forças no seio do povo. Forças políticas que dirigem grandes sindicatos ou contingentes expressivos de trabalhadores tendem a eleger muito mais representantes no parlamento. Outra questão é a participação nos governos, pois, nesse caso específico, existe um descompasso, entre a participação nos governos e o consequente fortalecimento do Partido como centro dirigente das ações organizadas em suas várias esferas de atuação.
Há também um descompasso entre os eleitos para cargos parlamentares e o fortalecimento do Partido como centro dirigente, esse descompasso surge como uma fragilidade na conduta dirigente em suas responsabilidades, como também das responsabilidades dos quadros que assumem tais tarefas. A maior debilidade dessa conduta é a meu ver a falta de compreensão teórica do verdadeiro papel transformador e revolucionário do Partido como centro dirigente das lutas de classes e o comandante supremo da luta pelo socialismo.
Aprofundar e teorizarmos mais sobre esses pontos, construir bases mais sólidas de compreensão do fator estratégico e do caráter de classe do PCdoB se impõem como tarefa de primeira ordem.
Saudações Proletárias!
*Marcelo Toledo é Mebro do Comitê Central e da Comissão Sindical Nacional.